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USINA TERRA NOVA

Usina Terra Nova começou a moer em 1902 com a primeira safra de cana 1901/1902.
Os problemas da Usina Terra Nova começaram já na sua primeira moagem, conforme dados transcritos do Arquivo Público da Bahia – Caixa 2367, Maço 129 Doc. 432 (354) “A primeira safra apurada pela usina, de 1901 a1902 coincidiu com a mais baixa de açúcar conhecido, sendo o preço do cristal de 160 a 180 reis o quilograma, e o demerara (açúcar para exportação) de 140 a 160reis, não havendo compradores, senão pra pequenos lotes e tendo a Usina produzido 30.000 sacos de demerara e 4.000 branco. É escusado dizer que foi inteiramente negativo o resultado da safra, que, alem daqueles preços tinha contra si os inconvenientes da estréia sem pessoal habilitado e familiarizado com os mecanismos”.

Sobre a indústria da cana de açúcar e particularmente a fábrica de Terra Nova, vale evidenciar sua passagem sobre a tutela da Companhia Magalhães, reproduzindo a pagina 28 do livro editado pela FIEB Federação das Indústrias da Bahia Memórias da Fieb, elaborado pela historiadora Anna Amélia Vieira Nascimento:
“Com a guerra de 1914o as usinas foram se endividando e várias sociedades para a produção de açúcar foram dissolvidas. No lugar delas surgiu uma subsidiária e Cia., a Companhia Lavoura Indústria Reunidas S/A. Nessa oportunidade, a Casa Magalhães passa a monopolizar o comércio do açúcar na Bahia e a controlar a produção.[…]
A Lavoura Indústria Reunidas S/A, concentrando o grosso da produção nas usinas Aliança, Terra Nova, adquiriu terras de engenhos decadentes, de fogo morto, onde implantou os seus canaviais. A produção de açúcar das usinas Aliança, São Carlos, Terra Nova, São Bento era entregue à Lavoura Indústria Reunidas S/A, da Casa Magalhães.
Poucas foram as usinas da Bahia livre da tutela e do monopólio de Magalhães e Cia.; entre estas, a Usina Cinco Rios , antiga Maracangalha.”
Quando a Usina se tornou de fogo morto, em 1972, Terra Nova já era um município.

Fechou-se a Usina acabou-se o Hospital, fecharam-se o Posto Médico e todas as residências próximas, que pertenciam ao Grupo Magalhães.

Muitas famílias de diferentes classes, pobres, ou mais remediadas, migraram para outros lugares buscando melhoria. Outras matricularam seus filhos na capital onde ficaram estudando, ou trabalhando e estudando, formando outra geração de famílias,e não retornando mais para sua terra natal. Esse processo migratório não cessou, o que não é bom para o fortalecimento de uma sociedade consciente e participativa.

Caso Terra Nova ainda fosse um distrito de Santo Amaro, quando as duas empresas foram fechadas, com certeza o seu destino não seria melhor do que o dos lugares onde as usinas fecharam antes (São Bento, Cinco Rios, São Carlos, Paranaguá).

Para registrar fisicamente a história da Usina ficaram o Chalé residência do Diretor da Usina, e hoje, aproveitado como sede da prefeitura do município. Destacadas, no Caipe, próximas ao Chalé, ficaram também duas ou três casas grandes de avarandado, moradas de administradores. Hoje uma serve á Igreja e outras foram adquiridas por terceiros. Próxima à esses imóveis resiste uma rua de pequenas casas, que foram residências de operários da usina.

Na área da fábrica de açúcar, ficou como lembrança um bueiro e um casarão abandonado. O escritório da Usina precisa urgentemente de um reparo, pois, caso contrário, com a depredação por que passa o seu telhado um dia será apenas uma foto num quadro de retrato como é a ponte ferroviária, o portão da usina, a casinha de Ponto, a casa da balança de carros de boi, estes três últimos derrubados há não muito tempo, poderiam ter sido conservados sem prejudicar as construções dos novos imóveis. Ao contrário, seria uma atração, pois juntaria num mesmo espaço presente e passado, formando novo conjunto de arquitetura.

Novas Fontes de Trabalho

O fechamento da Usina, além da migração dos trabalhadores, tornou Terra Nova uma cidade dormitório, pois as pessoas que ficaram passaram a trabalhar fora da cidade retornando á noite para suas casas.
Hoje o retorno é no fim da semana.
A Petrobras, que estava se firmando no Recôncavo, foi de fundamental importância para o aproveitamento da mão de obra da usina, que já vinha perdendo seu operariado antes mesmo de fechar. Essa empresa de petróleo disponibilizava diariamente um ônibus para seu pessoal deslocar-se de Terra Nova para Candeias e adjacências. Boa parte, também, se empregou na Companhia de Cimento Aratu e muitos foram transferidos para a usina Aliança.

Escrito por Viraldo B. Ribeiro
Ter, 24 de Novembro de 2009 15:07

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