O Futebol em Terra Nova
(O texto teve muitas passagens tratadas na primeira pessoa, não pude como personagem fugir das menções pessoais)
O futebol, em Terra Nova, foi uma das mais constantes e propulsoras fonte de alegria. Era uma distração barata, começava desde criança chutando uma bola de borracha, de meia ou qualquer coisa que rolasse. Depois, com os garotos mais crescidos, se formavam os babas de rua e os mais velhos, ou mais soltos brincavam mais distante da frente da casa.
Com o tempo os mais afeiçoados com a bola, normalmente se tornava, um grupo, um time, pois, sempre tinha uns abnegados para assumir e formar um time de descalços. Com o tempo as camisas e chuteiras apareceriam pelas mãos de diretores ou alguns mais aquinhoados.
Consideramos o futebol como a maior fonte de distração, e alegria por, esse jogo de bola, poder ser praticado: todos os dias; a qualquer hora; mesmo que a bola a seja um limão ou qualquer coisa que role; tenha no chão dois objetos qualquer nesse campo marcando o gol (trave); dois ou mais participantes, formando grupos de jogadores, um contra outro disputando a bola, que com os pés, arremessa a bola para passar entre as traves – é o gol – o objetivo da contenda, e o esporte estará sendo praticado; ali está jogando bola –o futebol.
O único limitante é a idade, mas mesmo assim, a pessoa continuará atraída pelo jogo de bola e parar, para apreciar os meninos correndo atrás de uma bola de meia.
Foi seguindo essa ordem que deve ter começado o jogo de bola em Terra Nova.
Me disse um dia Zé Ligeiro, um dos grandes futebolistas do passado, nasceu em 1922 falecido em… – quem trouxe o futebol para Terra Nova foi o filho de Jaime Machado.
Adiante Zé Ligeira aparecerá, numa foto antiga de times terranovense.
Será através de fotos que será mostrado o Futebol Em Terra Nova.
UTN
Esse, quase com certeza, foi primeiro time de futebol de Terra Nova, formado por uma espécie da elite ligado à Usina.
Essa foto foi dada para o Espaço Bangüê, por dona Maricota, nascida em 25 de março de 1924, filha de Zacarias West (o quinto de pé, lado direito)
A foto, seu cenário está composto por um tronco de eucalipto (tinha vários entre a área da usina e o Chalé); uma cerca pode identificar o local próximo da usina de frente para o Chalé, entretanto visualiza-se uma casa de palha, não condizente com a área interna do Chalé. Pode ser no local que se tornou o Campo da Mangueira.
Dona Maricota identificou alguns da foto: Anísio Conceição (1); Zacarias West (5); Ermelino Teles (6); José Marcos (8); João Nogueira (10); Marcelo (11)
1 – Anísio Conceição, Seu Antídio disse que ele foi trazido de Santo Amaro para Terra Nova ele confirma que o mesmo, antes de se estabelecer em São Bento, morou em Terra Nova, foi trazido por doutor Jaime para jogar bola no UTN. Trabalhou no escritório da usina Terra Nova. Ficou responsável pela sede do clube, instalado no Caípe (segunda casa) que disponibilizava jogos de brilhar, ping-pong, dama. Na sede, também, havia uma pequena biblioteca. Outras pessoas, como dona Niêta Portela: Conheço sim, essa letra é de Seu Anísio Américo Conceição que era escrivão lá em São Bento e em Terra Nova também, quando aqui chegou.
Seu Anísio criou uma biblioteca em São Bento – Biblioteca Castro Alves, (José Pedro Chaves que retira o livro no dia 26 de junho de 1939.)
2 – Zacarias West, gerente da Usina; fazia parte da diretoria da Cooperativa dos Operários; Zacarias, meu pai, era químico não formado, disse Maricota.
Aparece na foto como goleiro do UTN, parece até uma tradição, pois dois dos seus filhos também foram goleiros – Vavá West e Francisquinho West.
Os West, dizia o professor Juvenal, vieram para São Bento montar a usina.
3 – Ermelino Teles, também muito presente nas coisas de Terra Nova inclusive reconhecido com nome de rua; foi responsável pela construção de cemitério; foi participativo na construção da igreja de São Reque; atuante nos blocos de micareta; depoimento de Seu Antídio Roque: Seu Ermelino Teles achava que aqui já cabia um cemitério, e ele lutou para isso. Ele conseguiu com Dona Lulu ou com Dona Joaninha ou os Pacheco, dono do terreno (mais ou menos nesse local se juntavam as fazendas). No dia da inauguração ele se recostou à sombra do pé de São Gonçalim e disse que quando morresse queria ser enterrado ali, disse apontando para a planta.
4 – Zé Marcos – Jose Marcos Teixeira, Mirian nascida em nove de agosto de 1925, meu pai foi criado pelo Juiz de Direito, padrinho dele, doutor Paulo Teixeira da família dos Teixeira do Rio Fundo; foi delegado por muito tempo; foi Juiz de Paz; foi vereador em Santo Amaro (sem remuneração; trabalhou na usina chefiando o Almoxarifado
5 – João Nogueira
6 – Marcelo, padrinho de Maricota, era químico formado.
Pelo uniforme calça curta com cinto; camisas com mangas compridas; gorro na cabeça; camisas e calça curta branca sem qualquer detalhe colorido pode atestar a postura na época de não mostra o corpo (principalmente essas pessoas respeitosas) ou então um modelo importado da Inglaterra, lá adequado por causa do frio.
Esse clube deve ter existido entre as décadas de 20 e 30 do ano de 1900 e estaremos próximo dessa afirmação pelos seguintes fatos:
Ermelino Teles e Zacarias West faziam parte da direção da Cooperativa dos Operários fundada em setembro de 1927;
Anísio Conceição, pelo seu histórico já aqui descrito, pode-se concluir que é um homem nascido no início dos anos de 1900ou fins de 1800. Conclusão idêntica para os senhores Zacarias, Ermelino e Seu Jose Marcos.
Essa equipe com o nome de Usina Terra Nova, representava a elite da usina, que deveria, provavelmente, competir com funcionários da usina dessa mesma classe.
Já numa época posterior, meados dos anos 30 de 1900 em diante buscaremos as histórias desse período com fotos doadas pela família de Didi Teles e principalmente álbuns de Eduardo Barbosa.
Felizmente, mesmo não tendo uma memória documental ou mesmo pessoas para falar do início do futebol em Terra Nova, usaremos o que dispomos: a memória em fotografia deixada por Duque – Eduardo Barbosa, nascido em 1916 e que esteve presente, a partir de uma época, no futebol terranovense, como jogador, técnico ou dirigente.
É através dessa memória, com os comentários possíveis que contaremos a história do futebol em Terra Nova.
Nas duas fotos adiante temos uma ligação do UTN, o time que consideramos o primeiro de Terra Nova, na foto representado por Seu Jose Marcos; Didi Teles com uniforme de um time dos anos 40; Duque que desde os fins dos anos 30 está presente no esporte da terra, na foto representa, com Zé de Lotas e Vavá Melo, a diretoria do Vasco.
Na segunda foto, a casualidade posicionou Zé Marque como o início de uma época do futebol em Terra Nova o UTN e Duque, na outra ponta, fechando a última e mais importante época, com o Vasco.
José Marcos e Duque Início e fim – UTN e Vasco.
Outros Clubes
União – 1938
Foto de Duque – Eduardo Barbosa, nasceu no ano de 1916; a foto esta datada de 1938, logo sua idade era de 22 anos. A foto – defronte da Tenda – tem no fundo a usina e um cavalo com certeza selado na porta de Godó – Godofredo Pacheco.
Duque sempre esteve ligado ao futebol de Terra Nova, de jogador á técnico; sua (última) barbearia, no espaço onde hoje funciona o Serviço de Alto-falante, servia como imóvel para guardar o material esportivo e também para os jogadores vestirem o uniforme (Vasco). Eduardo não se envolvia em política, mas diversas vezes foi nomeado suplente de delegado. Foi funcionário de Rede Ferroviária Leste Brasileiro onde se aposentou.
Foi um dos responsáveis pela longevidade do Vasco.
Na outra foto mostra a Tenda de Cabelereiro, na janela Duque, Didi e João Costa, todos jogadores do União nos fins dos anos 30, que aparecerão em fotos posteriores, nessa historiação.
Vasco Esporte Clube
Deveríamos manter uma sequência cronológica, para falar dos outros clubes de futebol que deram continuidade ao UTN, e que foram vários. Entretanto o Vasco depois de tanto tempo passado ainda é lembrado por muitas pessoas que tiveram a infância marcada por esse clube, foi também o último a representar Terra Nova, mesmo que em várias ocasiões sejam formadas seleções para participar de campeonatos intermunicipais, mesmo que hoje saiam garotos de Escolinhas de Futebol, para tentar a sorte nas bases de times profissionais até fora do nosso estado até mesmo do pais. Mas, mesmo assim, passado tanto tempo, ainda são lembrados: Sergipe, Jair, Etiéne, Nicanor, Artur Inácio.
Vale citar um dos ´vários relatos que aconteceram e ainda acontece, como o que me contou Jonas França. ”Certo dia um policial rodoviário me parou na estrada e disse: lhe parei por causa da placa do seu carro, me diga uma coisa: ainda existe aquele Vasco em Terra Nova”…
Por isso fugimos um pouco da ordem de sucessão, optando escrever logo sobre o Vasco por ser ele, no nosso entendimento, quem fechou o período dos times que marcaram o futebol em Terra Nova.
Nesta foto tirada na porta da igreja de São Roque, os jogadores do Vasco vestem o uniforme de viagens; na mão de alguns jogadores uma mochila para uniforme de jogo
O grupo a partir da esquerda: Miguel Chaves, Francisquinho West, Nilton Mota, Chicão, (?), Neneco, Artur (cunhado de Artur), Menininho, Olival. Flavio, Nilton Mota, (?), Etiene, Zezito Teles, Sergipe, Jair e Nicanor.
O Vasco foi fundado em 15 de junho de 1955, como comprova o Jornal Oficial do Município – Santo Amaro – que publicou em seu numero1897, do dia 25 de fevereiro de 1967, o Estatuto do Vasco Esporte Clube, do qual destacamos do Capitulo I os artigos:
1 – O Vasco Esporte Clube, fundado em 15 de junho de 1955 será uma sociedade civil esportiva na localidade de Terra Nova.
3 – O Vasco Esporte Clube, adotara as cores preta e branca conservando o padrão de fundação.
Procurando fotos e fatos sobre o Vasco, conversamos (23.11.2016) com Jonas Coutinho, que nos disse:
– O Vasco começou com uma conversa entre Bambião, Jaime Dimenor e eu, quando falamos em criar um time de futebol; eram três vascaínos, logo eu falei em Zé Pereira para ser o presidente – um escriturário da usina (que aceitou); essa conversa foi onde hoje é a tenda de barbeiro de Alfredo; lembro que Antônio Maroto e seu Braga faziam parte da diretoria; A sede era onde, mais ou menos, hoje é a casa de Bazu; Tinha um jogo de víspora, na sede, para arrecadar recursos; o uniforme foi imediato, era preto com a lista branca; não me lembro do primeiro jogo, entramos com uma bandeira; lembro de poucos jogadores – Currupa, Bernardo (sapateiro), Valdemar (carpinteiro de São Bento).
Jonas Coutinho não jogava bola, trabalhou na usina como tratorista, depois foi trabalhar na Petrobras, como fizeram muitos operários da usina. Grande folião da micareta saia com outros operários no clube Os Motoristas, folião confesso da micareta de São Bento.
Vieram outras diretoria;, o Vasco comprou a sede do Urucapi.
E Jonas continuou – compramos em prestações a sede do Urucapi, os donos eram Seu Genes, Jorge Valente, Vavá Melo, Tintim.
– Eh! Chicão e Artur me contaram que na última, Tintim pediu os documentos e não devolveu.
– É foi mais menos assim, completou Jonas.
Apesar desse comportamento negativo, o clube manteve-se como proprietário explorando com eventos.
O tempo passou, o Vasco foi sumindo, a sede passou a ser explorada por Vavá Melo, depois virou um espaço sem dono, e alguém se apossou e vendeu para outro.
Formações do time, numa ordem cronológica, ao longo da existência do Vasco:
Quando não se tem uma data para se buscar no passado a historia, o jeito é ficar atento a detalhes daquilo que chega as mãos. Essa foto, que não tem registro no verso é na sucessão do tempo a mais velha imagem do Vasco.
Em Terra Nova sempre teve um time que representava com louvor o nosso futebol, com certez com jogadores tão bons quanto os do Vasco. A grande diferença foi a longividade do Vasco.
Quando no ano 1955 tres vascainos (Jonas Coutinho, Bambião Dimenor) de uma conversa corriqueira, quase do nada, surgiu a vontade de criar um time, e darem, ali naquele instante, a esse time o nome de Vasco, foi para fazer frente a um outro de nome Flamengo (maioria das pessoas torciam para Vasco ou Flamedngo) que tinha na terra, na ocasião eu ia fazer 13 anos. Eu joguei (a partir dos anos 60) paraticamente com todos que formam aquele time (exceção talvez de Robério). Por tanto até chegar àquelle time dessa primeira foto houve diversas formações.
Faltam ali Francisquinho West (Lessa) – goleiro; Valdemar. Além disso Zezito Teles veio algum tempo depois.
Vamos mostra dois quadros, com uniforme vermelho e preto, onde os jogadores dos times se secedem até chegar a uma formação do Vasco.
Desse time seis jogaram pelo Vasco e cinco compõe, o mesmo vermelho e preto do quadro seguinte
Essa é uma das formações do Vasco, para ser basta trocar as camisas vermelhas e preta, para preta com faixa vertical branca. Fica mais evidentes,se se colocar a mala de massagista na mão de Zé de Lotas na foto abaixo, que nada mais nada menos é um corpo diretivo do Vasco. As fotos, acredito, que foram batidas simultaneamente dado a semelhança das roupas de Vavá Melo e Zé de Lotas, além disso aquela malinha me trás lembranças da mala de massagem do Vasco, é possível que seja a mesma.
União
Esse time, é o União, provável mente das últimas formações desse time, que começa sua história, aqui nesse relato, com uma foto de Duque em 1938.
Pela análise das fotos, o União ressurge em 1947, (conforme anotação no verso dessa foto).
Essa formação do União deve ser do início dos anos 50 eu estava na casa dos oitos a dez anos; minha memória fotográfica se evidencia mais que a memória factual. Reconheço na foto jogadores que não eram da terra, como Português, Currupa, Edgar, tinha também Alegre, que não está ou não reconheço, além de Neco Bomfim, ausente nesse grupo, todos os citados eram atacantes. Todos esses citados eram santo-amarense trazidos por Didi Teles para reforçar o grupo.
Os outros jogadores reconhecidos, como Ramins, Batista, Zé Augusto prosseguiram nos times posteriores como o Flamengo, mas não chegaram até o Vasco, ao contrário de Robério e Tino, que jogaram no União, Flamengo e Vasco. É possível que Zé Augusto tenha sido ponta esquerda, também no Vasco, mas não lembro, ele e Batista também tiveram passagem no Guarany. Ramins, mais novo do que esses dois não jogou no Vasco, não sei a razão, não creio que fosse por passar a morar fora de Terra Nova.
Para se aproximar desse União, da foto, tirada nos fins da década de 40 e início da de 50, reproduzo uma fala de Jonas França, nascido em novembro de 1936:
Duque dizia assim para Rufino, deixe esse menino entrar, nunca me esqueço disso, eu vinha de lá de São Caetano, onde eu morava para o campo daqui da rua assistir jogo.
Mostrei para Jonas um quadro do União que está exposto no Espaço Bangüê, ele identificou alguns jogadores. Quadro foi presenteado por Chumba. Tendo ele nascido em 1936, ele devia ter de 13 para 14 anos quando ia assistir jogo, um dos times com certeza era o União e o ano era fins de 1940 e início de 1950.
União
Para dar sequência a história sobre o União exporemos três fotos, que identificáveis polos numeros: 1,2 e 3 para constar e facilitar a identidade do clube.
A no.1 consta no verso, anotado a bico de pena, – 1938, tirada em frente a Tenda do fotografado em comum a cor das camisas.
A no.2 no verso registrado, quase invisível, e com certa dificuldade ler-se: A Zezinho uma lembrança do E União.
As duas fotos têm em comum a cor de uniforme, uma comprova que em 1938 existia o União; na outra tem o nome União, o que se confirma nome e época de existência.
A foto no.2 foi tirada no campo da mangueira.
Ainda nessa segunda foto, que consta vários jogadores vestindo camisas pretas e outros com listras verticais, verde e preto, provável mente uma partida entre dois times ou simplesmente o União, apesar dos uniformes.
Nesse grupo identificamos Duque e Gabi, Zé Ligeiro.
Na foto 3 de difícil identificação. O que chama atenção é que no meio do grupo tem um jogador com o uniforme do Guarany. O que leva a supor que existiram numa mesma época, o União e o Guarani.
Por outro lado, quando adiante falarmos do Guarani, encontraremos nas fotos desse clube os mesmos jogadores do União. É como se um (Guarany) tivesse substituído o outro (União), mas os elementos disponíveis para uma conclusão concreta, se embaralham com o aparecimento da foto datada de 1947, com um jogador com ou informe de Guarany, me parece ser Menininho (pagina 21 foto No.3)
O Guarany
Entre o Guarani e União não parece ter havido competição, rivalidade. Entre eles existe uma
singularidade; uma coisa não muito comum, isso porque nas fotos desses dois aparecem jogadores vestindo a camisa de ambos os times. Vale atentar que os anos da existência dessas duas agremiações são os anos de 1938 e 1945, 1947 pois são esses anos que aparecem escrito no verso de fotos das duas agremiações (1938 e 47, União; 1945 Guarany). No entanto isso não quer dizer que essas datas são início meio ou fim, mas para o presente trabalho o que tem relevância é a época, ou seja, a importância está no registro das suas respectivas existências.
A primeira foto mostra a defesa, armada no passado, com o goleiro, o lateral direito e zagueiro central. Reconhecemos o goleiro – Batista
O campo é o da Mangueira
Meio de campo, reconhecemos Nascimento Duque.
Linha de frente
Time completo – foto abaixo incluindo dois reservas, que aparecem uniformizado com camisa branca.
Campo da Mangueira no Caípe.
Outros Times Desconhecidos
Em todos lugares sempre houve e sempre haverá um grupo de atletas que se juntam para fazer babas ou jogos, sem a pretensão de ser um time.
– Vamos fazer um baba de camisa – Vou armar um time de casados para jogar contra o seu lá na sua cidade… – de quinze em quinze, a gente faz um jogo de casados/ solteiros… – meu baba é organizado mesmo escolhendo os times na hora no par ou impa, mas é todo mundo com camisa, e com juiz escolhido na hora, para não ter cangancha.
Tudo isso aconteceu com o jogo de bola em Terra Nova, mas uma parte pequena ficou registrada com retratos. No álbum de Seu Duque ficaram algumas como amostra, mas que vale muito, mesmo que grande parte esteja com jogadores, ainda não identificados; sem data e sem nome.
Nesse grupo se identifica alguns: Duque, Alemão, Zé Ligeiro
Nessas duas fotos, que parece terem sido tiradas no campo que se chamou um dia de campo do União, depois campo do Vasco, tanto Didi como o time aparecem com o mesmo tipo de camisa. No time é possível que a pessoa de branco e óculos escura seja Alemão (irmão de Didi, Luís Teles, e Robério) e que o terceiro jogador ser Didi.
As fotos têm o mesmo formato (batida pela mesma máquina e filme)
Não sabemos o nome do time, mas esta anotado no verso da foto da equipe o ano de 1948.
Essa foto no fundo aparece uma casa, que poderá ser a de Seu Tomaz, pai de Chumba. Se assim for o campo é o da Mangueira – Caípe.
Nesta foto o time que que se mostra é o mesmo da anterior. Os jogadores, nas duas, aparecem com camisas de gola branca. O campo é o da Mangueira, identificação facilitada pela casa que aparece na imagem.
Atlético
Devemos destacar aqui o time do Atlético, que era como um time de operários da usina, me parece que o time era de camisa branca com uma faixa transversal verde ou azul.
O único jogador que me lembro é Celino, irmão de Valdemar, jogava na defesa.
O Vasco Sua Trajetória
Não conseguimos obter imagens do Vasco, no seu início, quando três vascaínos: Jonas Coutinho, Bambião e Zé Santana – Dimenor criaram o Vasco em 1955.
Mas, por ironia da vida a formação do time do Vasco que começou a marcar época é exatamente a do time do Flamengo. Como já disse antes, se se trocar a camisa vermelha e preta pela preta com transversal branca tem-se o time do Vasco.
O Vasco foi registrado 12 anos depois de criado (1967) publicado no Diário Oficial de Santo Amaro e anotado nas primeiras páginas desse relato.
Como joguei – anos 60 – no Vasco com todos os atletas ali perfilado, inclusive com Francisquinho West de goleiro, a foto deve ser de 57,1958.
Esse time foi formado por Waldir West e Aurinho, um gerente da usina, é o UTN, nessa formação tem oito jogadores de origem do time de Perréu – O Bahia.
Perréu sempre gostou de formar um time com garotos numa faixa de 15 a 17 anos; o Bahia foi o último.
Foi desse grupo que se formou o UTN. Como o clube pertencia a Usina a sua sede era no, hoje, Clube de Jajá.
O time teve vida curta, o que ocasionou a transferência, da grande maioria de seus jogadores, para o Vasco, a quem venceu num jogo amistoso. 091216
Encerrou-se assim a fase importante do nosso futebol, que tivemos a satisfação de participar diretamente como atleta, passando esses momentos alegres cujas resenhas permanecem até os dias de hoje.
Se a resenha sobre o Vasco continua viva, as buscas sobre dados do passado, das décadas anteriores a 1950 continuarão.
Personagem do Futebol de Terra Nova
Se me pedissem para separar dois ou três futebolistas, importante para o jogo de bola de Terra Nova, eu não teria muitas dificuldades, poderia escolher meu pai Duque, Eduardo Barbosa, que dos anos 30 (1930) até os anos 80 esteve envolvido no futebol; poderia escolher Batista, Neco Bomfim, Zé Augusto, Zé Ligeiro, Ramins Artur.
Miguel Chaves
Daria até um destaque entre os pensados a Miguel Chaves, que apesar de não figurar entre os razoáveis jogadores, sempre esteve envolvido no futebol, de quem era um emérito teórico. Ele é a figura primeira na foto do Vasco com o uniforme de viagens. É possível, apesar de ser torcedor do Fluminense, ter se juntado a Bambião, Jonas e Dimenor no projeto de criar um time.
Porém todos eles e vários outros importantes de uma certa forma não caíram no anonimato. Por isso escolho dois que ficaram no anonimato, então se me pedissem para escolher, eu separaria: Bambião e Perréu.
Bambião
Bambião – era um alfaiate, magro e alto e não era bom de bola, ou melhor tinha muito pouca intimidade com ela, nunca jogou num time do passado, tipo União, Flamengo, Guarani, mas jogou bola (babas) com essas gerações, quer seja um simples baba ou mesmo treino, até a minha geração, ele nunca foi barrado no baba.
Bambião se auto intitulava com os nomes dos melhores jogadores da época ou então os amigos o batizava. Assim ele foi Perácio, Mestre Ziza (Zizinho), Dida, Puskas. Como se vê ele era atacante (para prejudicar o menos possível seu time).
Por isso, escolheria Bambião, pois, tal qual na sua profissão de alfaiate, com sua agulha, linha e dedal costurou, uniu-se aos bons jogadores de Terra Nova em várias gerações, além, como disse Jonas Coutinho:
O Vasco começou com uma conversa entre Bambião, Jaime Dimenor e eu [Jonas].
Perréu
Perréu, outro que merecia um capitulo a parte, ou pelo menos um registro mais visível na história do nosso futebol. O conheci com a saúde abalada com problemas pulmonares, falando com cansaço e dificuldade, creio que isso o acompanhou desde a sua infância, mas essa coisa não o impediu de garimpar a molecada de Terra Nova. Inicialmente o campo, sem trave, na rua Tamandaré. Espaço que foi murado pela usina incorporando-o ao do Riso Entre Flores, logo que passou a ser proprietário. Aí foi construída uma quadra de futebol de salão de uso restrito a elite da usina e convidados.
Foi no campo de terra da Tamandaré que Perréu garimpou entre outros: Nilton Mota, Pedrinho Barros, Zé Moquita (Zé de Landulfo), Alfredo.
Do campo da Tamandaré passou para o campo do Vasco, foi de lá que saiu sua nova e última turma: Vera, Viraldo, Osvaldo, Osmar, Otavio, Vila, Mimi, Pintinho, João Cobrinha, Jojó, Ubaldino.
Perréu era filho de Lúcio Fobia, um operário da usina, me lembro ainda, Seu Lucio, morando numa casa do lado (Vizinha) da Estação Terra Nova.
Perréu tinha dois irmãos que jogaram no Vasco: Pipíu – lateral direito e Bujão – centro médio. Tinha mais Toninho e Zuleica.
Morreu na casa, ainda hoje de seus familiares, no lado da igreja. Lembro Vera (Everaldo Santana) e eu, visitando-o já muito debilitado na cama.
Perréu foi um grande futebolista, que nunca jogou bola, penso eu, foi ele quem botou a molecada boa de bola, que jogava de pés descalço, para jogar de chuteira, isso era um grande fato:
– olha aquele ali já está jogando de chuteira!
Então se me pedissem para escolher…eu escolheria Bambião e Perréu.
(04.11.2016)
06.12.16
Veteranos