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O MUNICÍPIO DE SANTO AMARO; ENGENHOS CENTRAIS; FERROVIA SANTO AMARO/JACÚ; RAMAL CATUIÇARA; MAPA

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Número 05 – Edição 01 – Sítio Inhatá, 16 a 30 de outubro 2001
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O MUNICÍPIO DE SANTO AMARO

igj. senhor santo amaroNas terras de Santo Amaro prosperaram muitos engenhos. Foi berço do primeiro Engenho Central da Bahia – Engenho Central de Bom Jardim, o quinto do Brasil (o primeiro foi o de Quissamã -1877- no Rio de Janeiro) e de diversas Usinas de Açúcar.
“Santo Amaro ocupa lugar único na história do Brasil. Isso sem mencionar seu lugar na história da Bahia. Batizada, primeiramente, como vila de Nossa Senhora da Purificação e Santo Amaro, a cidade rainha do Recôncavo da Bahia não era das mais velhas vilas ou cidades coloniais do Brasil. Fundada em 1727, na fértil área da baía da primeira capitania do Brasil, Santo Amaro tornou-se conhecida pelo seu massapê, terra barrenta vermelha e preta, pelo açúcar, pela cachaça e por ter sido o berço, bem como o campo de treinamento dos futuros gigantes políticos do Império.” De Eul-Soo Pang – O Engenho Central do Bom Jardim Pág 22.
ENGENHOS CENTRAIS – Quissamã

 bjardimDecreto Legislativo no. 2687 de 06 de novembro de 1875. Autorizando instalação de Engenhos Centrais (Livro O Engenho Central de Bom Jardim pág 85). Inauguração do Engenho Central da Freguesia do Bom Jardim primeiro de janeiro de 1880. Primeiro dos cinco do Brasil (Do Livro de Eul-Soo Pang – O Engenho Central do Bom Jardim pág.64)
 

ENGENHOS CENTRAIS B – Bom Jardim

engbomjdEngenho Central – É uma fábrica onde se utiliza um processo mais avançado de industrialização da cana de açúcar, “A abertura de Bom Jardim foi certamente um ponto decisivo na história da agricultura brasileira. Era das primeiras usinas do Império que separava, segundo o principio da divisão do trabalho, o cultivo da fabricação do açúcar.. .mas a efetiva divisão do trabalho na economia canavieira mostrou-se impossível, sem fartos recursos financeiros, tecnologia prontamente disponível no mercado. A fusão de recursos públicos e privados… especialmente na década de 1870 concretizou a idéia, primeiramente em 1877, em Macaé, na Província do Rio de Janeiro (Engenho Central de Quissamã, e mais tarde em 1880 na Fabrica Central do Bom Jardim, em Santo Amaro.Engenho Central do Bom Jardim… O primeiro saco de açúcar refinado foi enviado a D.Pedro II ” – Eul-Soo Pang Pág.44- O Engenho Central do Bom Jardim.

“Inaugurou-se a fábrica central da freguesia do Bom Jardim, termo da cidade de Santo Amaro. Dela são proprietários e fundadores o Visconde de Sergimirim, seu filho, o Barão de Oliveira, e seu genro o Dr. Cícero Dantas Martins” O Engenho Central do Bom Jardim pág. 133

O Engenho Central Bom Jardim foi vendido em maio de 1891”Impossibilitado de moer bastante cana, profundamente endividados e tolhidos pela escassez de matérias-primas, os principais donos da usina preferiram vender Bom Jardim à Companhia Agrícola Usinas e Terras…. Um preço total de 400 contos ( Bom Jardim com suas 40 tarefas de terra e 17 quilômetros de estrada de ferro e o engenho Bom Sucesso com 736 tarefas de canavial), foi pago aos principais dos Costa Pinto – à Condessa de Sergimirim, ao Visconde de Oliveira, ao Barão e Baronesa de Jeremoabo, a Antonio da Costa Pinto, sua mulher e prima Julia Costa Pinto e Artur da Costa Pinto.”

“Já deves saber que vendemos nossa fábrica com o prejuízo superior a 400 contos! Com os Ingleses não podemos trabalhar- Cícero Dantas (Barão de Jeremoabo) a João Ferreira de Araújo Pinho” Eng. Central de Bom Jardim pág 56/57

“Com o Anuário de 1931-1932 Bom Jardim não é mais mencionada, confirmando-se a nota ’Desmontada‘ a partir da safra de 1927-1928 …. Quando se verificou o desmonte de Bom Jardim, parte de seu equipamento, ainda plenamente utilizável, foi vendido com destino a Sergipe, … e outra parte incorporada à Usina Cinco Rios, a fim de aumentar-lhe a capacidade produtiva. Encontrou-o em uso em 1938, ao adquiri-la, o eminente homem público Clemente Mariani, seu proprietário desde então e que gentilmente forneceu este esclarecimento” Eul-Soo Pang – O Engenho Central Bom Jardim pág. 74.

FERROVIA SANTO AMARO/JACÚ

De acordo com anotações de Duque (Ferroviário do Trecho), em poder do Bangüê, o Ramal de Catuiçara foi fechado em 25.05.64.

Douglas Apratt Tenório na pág. 74 do seu livro Capitalismo e Ferrovias no Brasil, informa: A estrada de Ferro Santo Amaro/Jacu concluída em 1883, que, em pequeno percurso de 36Km, ligaria esta cidade açucareira do Recôncavo baiano à povoação de Jacu.

“Enquanto Sergimirim finalizava a criação da Escola Agrícola, a primeira estabelecida no Império, esboçava, também, planos para a construção da Estrada de Ferro Santa Amaro/Bom Jardim…. Em 1872, o Conselho de Estado examinou o plano de criação da estrada de ferro…como elaborado por Sergimirim e seus amigos…. Os proprietários, em geral, e os de estabelecimentos açucareiros, em particular, não eram favoráveis à construção de estradas e ferrovias. Em 1853, Ana Francisca Viana Bandeira, senhora dos Engenhos Muçurunga e Subaé, protestou contra a passagem da estrada da estrada provincial dentro de suas propriedades e requereu indenização. O Engenho Central do Bom Jardim.Pág. 38/39.

RAMAL CATUIÇARA

O ramalRamal de Catuiçara, que é o mesmo Santo Amaro/Jacu, foi extinto logo nos primeiros meses da revolução de 64. Levou um período ainda servindo as usinas Terra Nova e Paranaguá, sendo depois erradicado pela RFFSA, retirando trilhos e agulhas. A construção de trecho ia até Jacu. Os Engenhos Centrais e as Usinas entroncavam suas linhas particulares à estrada de ferro para escoar suas produções via S. Amaro ou Salvador. É exemplo o Engenho Central de Bom Jardim. “A estrada de Santo Amaro realmente terminava em Jacu. O trecho de Jacu/Bom Jardim foi construído pelos proprietários da fábrica Central de Bom Jardim, o Visconde de Oliveira e o Barão de Jeremoabo. Em 01 de junho de 1884 eles solicitaram à direção da estrada de Santo Amaro entroncar uma linha férrea, por três quilômetros de extensão, à estação de Jacu, construindo mais três quilômetros de linha.” Instituto Histórico da Bahia – Engenhos Centrais Fábricas de Açúcar maço 4596.

Observa-se mais uma postura anti estrada de ferro. “A Companhia Estrada de Ferro de Santo Amaro, pertencente à província, mas em sua organização inicial planejada por Sergimirim, necessitava faixas de terras de dois engenhos e de uma fazenda. O Engenho Terra Nova, e Engenho Periperi, e a fazenda Caracanha pertenciam à Baronesa de Bom Jardim e a seus herdeiros.

A província em nome do governo imperial, alegava que uma vez que as terras foram doadas às famílias, por sesmaria, o Estado gozava, em principio, do direito inerente de desapropriá-los… José Pacheco Pereira, proprietário rural, genro da Baronesa, e advogado dos reivindicadores, argumentava que a terra por onde passava os trilhos não provinha de sesmaria.”Eul-Soo Pang O Engenho Central do Bom Jardim.

MAPA

02 - Estrada de FerroDas usinas constante no trecho ou entroncada a ele está em funcionamento apenas a usina Aliança, mesmo assim o equipamento de tração são caminhões e carroções puxadas por bezouros. As locomotivas desapareceram completamente. Não consta no mapa a Usina Santa Elisa e a usina Capimirim que também se entroncavam ao Ramal.

A Usina Itapitingui funcionou até bem pouco tempo. Nota-se quase uma completa integração ferroviária das Usinas , diretamente ou com auxilio da Linha Principal.

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