Povoamento do Reconcavo

 

Povoamento do Recôncavo

Estas informações  foram coletadas

De xerox  (pagina 48 a 58 ) do livro-

Povoamento do Recôncavo pelos

Engenhos – 1536 – 1888

Volume II

Carlos Ott.- ofertada pelo

Professor Raimundo Artur contemporâneo

de colégio, e futebol em Santo Amaro.

 

 

9) O povoamento de Lustosa (município de Teodoro Sampaio)

 

Em 1876, foi criada a freguesia de Lustosa vizinha à paróquia de Catu, e desmembrada da freguesia de Bom Jardim; e, em 1961, foi criado aí o município de Teodoro Sampaio.

O engenho “Bom Sucesso” foi mencionado várias vezes como vizinho aos engenhos da freguesia de Catu, situados no vale do Rio Uma (422), como se fez referências a este engenho nos registros dos engenhos da freguesia do Rio Fundo (423), isso logo mostra a grande extensão das terras do engenho ”Bom Sucesso”. Em 1891, ainda de lhes atribuem “ 736 tarefas de canavial” (424) e o número de tarefas plantadas com cana sempre era apenas no máximo 20-30% do total das tarefas que que o engenho possuía, podemos fazer um cálculo aproximado do número total das tarefas que possuiu, sendo então propriedade de Antônio Costa Pinto e de sua mulher Júlia da Costa Pinto como de Artur Costa Pinto.

Nas terras do engenho ”Bom Sucesso” foi então construído entre 1879 e 1880, o engenho Central Bom Jardim (425) que porem ocupou uma área relativamente pequena, pois estava destinado apenas a moer cana dos engenhos vizinhos, mas não plantava cana. Já que entre 1850-1870, chegou a um ponto morto a discussão entre os donos dos engenhos baianos sobrea imigração de colonos livres europeus para substituir os escravos, pensaram poder resolver o problema da falta de mão de obra, instalando os chamados engenhos centrais, posteriormente chamados usinas, para tirar dos engenhos o trabalho pesado de moer cana. Para tornar eficiente este plano, teriam sido necessários vários ramais de estrada de Ferro para passar o mais perto possível dos maiores engenhos. A primeira Estrada de Ferro construída, em 1861, estava destinada primeiro a realizar isso; mas ela foi desviada para o Rio são Francisco, servindo apenas às freguesias, e apenas parcialmente de Abrantes (no caso Camaçari), Bomfim da Mata e Catu, sendo por isso necessário construir a novo ramal para St. Amaro. E aí se revelou já o problema que criava apara isso a terra esponjosa do massapê que afundava simplesmente quando menos esperava, o que a nossa geração presenciou quando se construíram as primeiras estradas asfaltadas por estes municípios. Inúmeras vezes foi preciso fazer não apenas duas e sim três vezes ou quatro vezes o mesmo trabalho dispendioso e fundamental de preparar uma base firme para a estrada de ferro, razão por que demorou muito mais do que se esperava a instalação do ramal da Estada de Ferro, destinado para servir os engenhos da freguesia de Lustosa, embora 17 Km dela tivesse sido construído pela família Costa Pinto para servir s engenho Central de Bom Jardim (426), e quando ela funcionou, pediu preços absurdos pelo transporte da cana e do açúcar, que, aos 24 de maio de 1886, o Visconde de Oliveira e o Barão de Geremoabo, os proprietários do engenho central do Bom Jardim pediram a diminuição destes preços “o que foi deferido pelo Presidente da Província”, ficando porém no papel esta decisão”(4270). O engenho central Bom Jardim só funcionou até a abolição da escravatura, em 1888, pois, no ano seguinte, já não havia cana para moer porque a maior parte dos escravos saiu em direção à Capital baiana em procura de trabalho remunerado, só ficando nos engenhos os velhos e as crianças com os quais no máximo se podia criar gado e plantar mandioca. A fábrica do Bom Jardim custou seiscentos contos de construção, mas foi vendida, em 1891 por quatrocentos. Contribuiu para o fechamento da fábrica do Bom Jardim além da abolição da escravidão no Brasil a queda do preço do açúcar na Europa e ela não importou mais açúcar brasileiro (428).

 

O engenho Central do Bom Jardim moía a cana dos seguintes engenhos: Tarefas, Quitangá, Coité de Baixo, St. Estevão do Triunfo, Regalo, Europa, Aurora, Gameleira, Chá, Cana Brava, Outeiro, Casa Nova, Bonsucesso, Malembá, Fazenda Nova e Jacu (429).

De alguns destes engenhos possuímos informações históricas mais antigas.

Assim sabemos que o dono da Fazenda Nova, Inocêncio Marques de Araújo Góes pediu, em 1824, para transformar sua fazenda em engenho; e a licença para isso lhe foi dada, aos 2 de maio de 1825, dizendo-se aí que era vizinha ao engenho Camorogipe (430). Aí temos um dos exemplos, bastante numerosos, que propriedades transformadas em engenhos conservaram o nome antigo de “Fazenda”.

Do outro lado, podemos dizer que foi nesta zona, antigamente pertencente ainda marginalmente à freguesia de St. Amaro que começou a revolta dos fazendeiros contra os donos dos engenhos que insistiam na observação da lei antiga de 13 de outubro de 1681 que exigia uma distância de meia légua ou de 1.500 braças entre um e outro engenho, apenas derrubadas, em 13 de outubro de 1827 quando se permitiu transformar qualquer fazenda em engenho a critério do dono dela. A lei naquele tempo era proveitosa, pois então todo mundo ainda moía com lenha, precisando por isso terrenos maiores, pois deviam deixar uma boa parte para floresta. Aos poucos, os engenhos situados à beira mar procuravam sua lenha em Maragogipe e Jaguaripe; mas os engenhos situados para os lados de São Sebastião e Terra Nova não podiam fazer isso. Quando, porém, no séc. XIX propagaram-se cada vez mais máquinas a vapor e se propagou o método de usar a cana exprimida como lenha, não precisava mais de florestas para reservas para cortar lenha.

 

Aos 15 de maio de 1846, ainda aparece como proprietário “do engenho de fazer açúcar denominado “Fazenda Nova” Inocêncio Marques de Araújo Góes sendo sua propriedade em trinta e sete contos de reis (431). Em 1866 era propriedade de Antônio da Silva Deiró (431 a).

 

O engenho acima mencionado de “Coité de Baixo” aparece aos 12 de dezembro de 1855, como “Conceição do Coite”, sendo seu proprietário o Major Antônio Alves da Silva que trabalhava com 20 escravos, mas estava onerado com hipoteca de 22.218$950 REIS (432).

Do engenho “Tarefas” não são conhecidos os proprietários antes da abolição da escravidão; mas veio aos nossos dias uma bela casa, embora já meio abandonada com varandas sustentadas por colunas toscanas e mobílias da segunda metade do segundo sec. XIX (433).

A casa Grande do Engenho “Europa” também veio aos nossos dias e foi nela que o Conde de Sergimirim, Antônio da Costa Pinto passou seus últimos anos de vida, morrendo em 1880 (434).

 

 

 

10) O povoamento da freguesia do Rio Fundo (Munícipio de Terra Nova).

 

A freguesia do Rio Fundo foi criada em 1718, desmembrada da de Sto. Amaro da Purificação.

Aí temos, em primeiro lugar, o engenho Tebáida.

Em 1854, moía com roda d’agua, trabalhava com 52 escravos,64 bois e 3 cavalos, produzindo anualmente 9.000 arrobas de açúcar e seis mil de cana das de melaço (435). No ano de 1854, possuía 1.310 tarefas, sendo 410 de massapê,280 de “salão” e 620 tarefas de terras arenosas. Trabalhavam com este engenho seis fazendeiros que por sua vez possuíam 21 escravos (436). Aos dez de fevereiro de 1859, o Barão do Bom Jardim, Luís Barbalho Muniz Fiuza registrou o engenho Tebáida na freguesia de St. Amaro da Purificação, acrescentando que estava parcialmente situada na freguesia do Rio Fundo (437). E o mesmo Barão do Bom Jardim também o registrou na freguesia do Rio Fundo, dizendo que possuía 800 tarefas (enquanto no relatório mencionado de 1854 se lhe atribuíram 1.310 tarefas), dizendo que “se dividia pelo sul pelo rio Jacuípe com terras do mesmo engenho situadas na freguesia de St. Amaro da Purificação, pelo leste com terras do engenho “São Pedro” e ao norte com terras dos frades beneditinos e no oeste com terras do engenho “Brotas” e do engenho “Novo” (438).

 

Ao norte do engenho “Tebáida” ficaram os dois engenhos dois engenhos dos beneditinos denominados “Inhotá” e Cabuçu de São Bento, dos quais o primeiro trabalhava com cavalos e o segundo com roda d’agua trabalhando o restante em conjunto com 125 escravos, 120 bois e 85 cavalos, produzindo juntos anualmente 9.800 arrobas de açúcar e 8.000 canadas de mel; os dois engenhos juntos possuíam 2.320 tarefas, das quais 420 eram de massapê, 700 de “sala” e 1.200 de terras arenosas; seis fazendeiros com mais 59 escravos trabalhavam e moíam nestes dois engenhos dos beneditinos (4390. Mas nenhum dos dois engenhos foram registrados pelos beneditinos, ambos, porém mencionados por proprietários de engenhos vizinhos e que registram suas propriedades na freguesia do Rio Fundo, confirmado que estavam situados nela (440).

 

Em seguida menciona-se o engenho “Carapiá” que em 1819 já, já funcionava como tal (441). Em 1854, moía sua cana com cavalos, trabalhava com 70 escravos e três fazendeiros que por sua vez possuíam 42 escravos. O engenho possuía 80 bois e 60 cavalos, produzindo anualmente 9.000 arrobas de açúcar 8.000 de canadas de melaço. O engenho ”Carapiá” tinha 750 tarefas de terras, das quais 150 eram de massapê, 200 de “Salão” e 400 de terras arenosas (442). Aos 19 de abril de 1859, seu dono Ignácio Borges dos Santos o registrou (443).

 

O engenho “Jacuípe do Desterro” da freguesia do Rio Fundo já existiu em 1757 (444). Em 1854 moía sua cana com cavalos, possuindo por isso cem cavalos; 120 bois carreavam a cana para a fábrica; tinha 100 escravos e trabalhava em conjunto com o engenho St. Antônio da barra que por sua vez possuía 30 escravos, 50 bois e 40 cavalos; e ambos os engenhos ainda tinham sete fazendeiros que lhes forneciam cana e eles possuíam por sua vez mais 40 escravos.

O engenho “Jacuípe do Desterro” produzia anualmente 10.000 arrobas de açúcar e 10.000 canadas de melaço, enquanto a produção do engenho “St. Antônio da Barra” era mais modesta: 5.000 arrobas de açúcar e 5.000 canadas de melaço. Os dois engenhos possuíam em conjunto2.000 tarefas de terras das quais 1.500 de massapê, 300 de “salão” e 200 de terras arenosas (445). O engenho “Jacuípe do Desterro” estava parcialmente situado na freguesia de St. Amaro da Purificação e parcialmente nado Rio Fundo, sendo por isso registrado na primeira, aos 27 de setembro de 1859 (446) e na segunda aos 17 de julho de 1882, mas pelo mesmo dono, Alexandre Moreira Pinho (447). O engenho “Santo Antônio da Barra” não foi registrado separadamente.

Com este último não se deve confundir o engenho de “St. Antônio do Rio Fundo” que, em 1854 pode apresenta a produção anual respeitável de 9.000 arrobas de açúcar e de 9.000 de canadas de melaço, sendo, pois, um dos maiores engenhos da Bahia, embora possuísse apenas 910 tarefas de terras das quais, porém maior parte, a saber 721 tarefas eram de massapê e apenas 189 de “salão” e nada de terra arenosa. Naturalmente em anos muito chuvoso a sua produção não teria sido esta, pois a chuva fazia apodrecer a cana em massapê. Mas ainda recebia cana fornecida por nove fazendeiros que por sua vez trabalhavam com mais 30 escravos, enquanto o próprio engenho “St. Antônio do Rio Fundo” possuía apenas 35 escravos. Trabalhava com 80 bois e 50 cavalos (448). Foi mencionado várias vezes nos registros da freguesia do Rio Fundo, entre 1857-1862, sem ser, porém, registrado por seu dono que desconhecemos por isso (449). Mas veio aos nossos dias uma bela casa grande térrea coberta de telhado de quatro aguas com varandas sustentadas por colunas redondas, havendo a tradição dos atuais proprietários ter sido construída esta casa pelo desembargador José Paulo Teixeira, na segunda metade do século XIX (450).

Em seguida é mencionado o engenho ”Paciência” que moía sua cana com cavalos. Foi um engenho medíocre, possuindo 700 tarefas de terras das quais 500 eram de massapê, 100 de “salão” e 100 de terrenos arenosos. Tinha 40 escravos; mas seus fazendeiros lhe forneciam cana para moer e os quais por sua vez, ainda possuíam 12 escravos. O engenho trabalhava com 60 bois e 50 cavalos produzindo anualmente 7.000 arrobas de açúcar e 7.000 canadas de melaço (451). Foi registrado aos 16 de junho de 1859, por Evaristo Borges de Barros acrescentando que suas terras se dividiam pelo sul com os engenhos “São José” e “Buraco”, pelo leste com o engenho “Pandalunga” e fazenda “Trigueiro”, pelo norte com as terras do reverendo Vigário e com o engenho “St. Antônio” e pelo oeste com os engenhos “St. Antônio” e “Buraco” (452).

O engenho vizinho era o “São José”, estendendo-se, porém, tanto na freguesia de St. Amaro como a do Rio Fundo. Na primeira foi registrada, aos 15 de outubro de 1859, por José Moreira de Pinho (453) e na segunda, ao 1º de outubro de 1862, pelo mesmo, ficando nesta última 344 tarefas e na primeira apenas 77 tarefas. Acrescenta que os marcos de pedra que indicavam os limites do seu engenho possuíam todos riscadas as letras J.M.P., as iniciais do nome do seu proprietário José Moreira Pinho (454). Por isso este engenho não está e numerado entre os engenhos do Rio Fundo em 1854.

Está aí, porém enumerado o engenho “Buraco” embora de tamanho medíocre, trabalhava moendo sua cana e ados seus três fazendeiros com 50 cavalos carreando-a com 60 bois. No engenho trabalhavam a50 escravos as fazendas dos 3 fazendeiros outros trinta. Possuiu 800 tarefas de terra, das quais 600 eram de massapê, 100 de “salão” e 100 de terras arenosas, produzindo anualmente 6.000 arrobas de açúcar e6.000 canadas de melaço (454). Este engenho foi registrado, aos 9 de dezembro de 1857, por Dona Cândida Bitencourt de Pinho (455).

 

Um dos engenhos vizinho ao anterior foi o denominado “Nazaré” que moía sua cana e a de seus três fazendeiros com 50 cavalos, trabalhando o próprio engenho com 60 cavalos e os três fazendeiros com mais outros 30. Carreava a cana com 80 bois e produzia anualmente 7.000arrobas de açúcar e 7.000 canadas de melaço. Possuía 1.350 tarefas, das 900 eram de massapê, 200 de “salão” e 200 de terras arenosas, produção pois baixa para tantas terras, sinal de má administração (456). E era engenho antigo, já funcionand0 em 1757 (457), estava sob a administração de Garcia Dias Pires, filho do Visconde da Torre (458), não acostumado a trabalhar desde menino. As terras do engenho “Nazaré” se estendiam tanto na freguesia de St. Amaro (459) como na de São Pedro do Rio Fundo (460), sem, porém, ser registrado em nenhuma das duas, e certamente não pagava a multa estipulada por causa disso. Outro sinal de desleixo administrativo.

 

Engenho também já existente, em 1757, era o denominado “Pandalunga” (461). Em 1854, trabalhava com 90 cavalos, moendo com eles sua cana e a de seus dois fazendeiros. O engenho possuía 100 escravos e os dois fazendeiros mais 60, trabalhando em 1500 tarefas, das quais 400 eram de massapê, 600 de “Salão” e 500 de terrenos arenosos carreando sua cana com 130 bois e produzindo 10.000 arrobas de açúcar e 10.000 canadas de melaço (462). Em 1855, seu dono era o coronel Sancho Bitencourt Berenguer Cesar (463) que também o registrou, aos 11 de novembro de 1857, dizendo que suas terras” se dividiam pelo norte com as terras do engenho “Agua Boa” da do engenho “Agua Boa da Restauração e “Pernaguá”, pelo Sul com o engenho “São João e com a “fazenda do Meio”, pelo leste com os engenhos “St. André”, “Roçado” e “Agua Boa Grande” e pelo oeste com os engenhos “Buraco” e “Nazaré” (464). Esta localização minuciosa é muito preciosa e mostra a diferença entre os dois engenhos “Agua Boa da Restauração” e o da “Agua Boa Grande”, o segundo situado na freguesia de St. Amaro da Purificação.

O primeiro, estava porém situado na freguesia de São Pedro do Rio Fundo; não era engenho muito grande, possuindo apenas 600 tarefas de terras, das quais 299 eram de massapê, 250 de “salão” e 150 de terrenos arenosos, moía sua cana com 40 cavalos, carreando com 43 bois e trabalhando com 42 escravos, produzia anualmente 6.000 arrobas de açúcar e 6.000 canadas de melaço (465), mas este engenho da “Agua Boa da Restauração” foi apenas mencionado duas vezes, 1857 sem porém ser registrado por seu dono  (466) que por isso nem conhecemos.

 

O engenho “Parnaguá”, já funcionava, em 1757 (467). Em 1854, possuía 1.160 tarefas, 400 de massapê, 450 de “salão” e 300deterras arenosas. Possui então máquinas a vapor, mas certamente mais de uma vez não funcionava, razão para que ainda 80 cavalos, carreava a cana por 120 bois aparentemente possuía poucos escravos, apenas 40, mas ainda tinha 16 empregados; do outro lado, os fazendeiros que moíam cana no engenho, possuíam 40 escravos. Sua produção anual foi de 10.000 arrobas de açúcar e de 10.000 canadas de melaço (468). Aos 7 de dezembro de 1859, seu proprietário Antônio Honorato da Silva Rego registrou o engenho (469).

 

Um vizinho do anterior foi o denominado “Canela” propriedade pequena, possuindo em1854, apenas 300 tarefas, das quais 100 eram de massapê 100 de Salão e 50 de terras arenosas, moía sua cana com bois que eram 48 no todo, não havia cavalos no engenho, com 19 escravos produzia anualmente 3.000 arrobas de açúcar e 3.000 de melaço (470). Funcionava, em 1859, mas não foi registrado, razão por que não conhecemos seu proprietário. (471).

 

Em seguida mencionamos o engenho “Paramirim” de Mauricio” moendo com cavalos para que possuía 56 em 1854, era engenho de tamanho medíocre, embora possuísse 1.000 tarefas, das quais 500 eram de massapê, 300 de “Salão” e 200 de terrenos arenosos. Trabalhava com 77 escravos e um fazendeiro que lhe fornecia cana ainda tinha 20 escravos, 30 bois apenas carreavam a cana. Sua produção anual era de 5.000 arrobas de açúcar e de 5.000 canadas de melaço (472), produção baixa para tanta terra boa. Foi registrado, aos 20 de setembro de 1862, por Manuel Coelho de Souza Guimarães, pertencendo anteriormente ao coronel Luiz Barbalho Moniz Pena Barreto, do qual herdou a mulher do dito Guimarães, D. Ana Barbalho da Gama Guimarães, neste registro ele diz, porém, que possuía apenas !371 tarefas e 603 braças de massapê e mais 85 tarefas de terrenos cobertos de mato”, ficava situado para os lados da freguesia de São Sebastião do Passé, onde se encontrava com terras do engenho “Pimentel” (473).

 

Engenho vizinho da freguesia do Rio Fundo era denominado “Bom Gosto” que moía sua cana com 60 cavalos; trabalhava com40 escravo e 60 bois. Possuía 1.600 tarefas, das quais 700 eram de massapê, 400 de “Salão” e 500 de terreno arenosos, mas produzia apenas anualmente 4.500 arrobas de açúcar e 4.500 de canadas de melaço (473a). Foi registrado, aos 15 de setembro de 18652 por Manoel Garcez dos Santos, dizendo que possuía 1.400 tarefas (e não 1.600, como afirma no relatório de91854), talvez por que não incluiu as 120 tarefas de sua fazenda “São João” que o dito Manoel Garcez dos Santos registrou no 16 de setembro de 1862 (474).

 

Engenho antigo já funcionando em 1757, era o engenho “Papagaio” (475). Aos 4 de julho de 1804, estava nas mãos do capitão Antônio de Bitencourt e de sua mulher D. Raimunda Maria Teixeira de Bitencourt que neste dia, fizeram uma doação de “180$000 para edificar de novo uma capela dedicada à Nossa Senhora da Ajuda no seu engenho denominado Papagaio” (476). Em 1854, este engenho trabalhava com máquina a vapor, 40 escravos e 80 bois, mas seus três fazendeiros possuíam ainda 60 escravos próprios; o engenho tinha uma produção anual de 7.000 arrobas de açúcar (477). Em 6 de setembro de 1862, foi registrado Por Antônio Bitencourt Berenguer Cesar, dizendo que o engenho era um morgado, uma propriedade inalienável, (mas já era inalienável desde 1825, quando se aboliu esta lei) possuindo 1500 braça de comprimento desde o rio Pojuca até completar 700 braças de largura, ficando vizinho do engenho “Buri” (que era do mesmo dono) (478). Aos 6 de dezembro de 1864, o dito dono, então já possuindo o título de “comendador arrendou o engenho “Papagaio” ao seu filho Júlio Cesar Berenguer Bitencourt por 9 anos por 2.400$000 reis anuais com 33 escravos (479).

Já que o vizinho engenho “Buri” era do mesmo dono como o engenho “Papagaio”, os dois em conjunto possuíam 3.200 tarefas das quais 1.400 tarefas eram de massapê, 600 de “Salão” e 1.200 de terrenos arenoso; mas o engenho “Buri” trabalhava sozinho, moendo sua cana com 30 cavalos, e carreando a cana com 40 bois; trabalhava com 20 escravo, produzindo anualmente 2.000 arrobas de açúcar (480). Foi registrado aos 6 de setembro de 1862, por Antônio Bitencourt Berenguer Cesar (481).

 

Do mesmo dono era o engenho “Bomfim”, vizinho do engenho “Buri” registrado pelo mesmo, aos 9 de setembro de 1862, com “717” tarefas em que edificou o engenho “Bomfim” que se divide pelo sul com o rio Pojuca, pelo norte com o engenho “Bom Gosto” e pelo oeste com o engenho “Passagem”, terras estas que são do meu pai Antônio de Bitencourt Berenguer Cesar por mim arrendadas (482).

 

Na mesma freguesia de São Pedro do Rio Fundo, havia o engenho “São Felipe”, em 1854, trabalhando com máquina a vapor possuindo 1.500 tarefas, das quais 1.200 eram de massapê, 100 de salão e 200 de terrenos arenoso. Trabalhava com 100 escravos; e os três fazendeiros ligados ao engenho ainda tinham mais 70 escravos; 150 bois carreavam a cana para a fábrica. A produção do engenho “São Felipe” era a mais alta da freguesia do rio Fundo 15.000 arrobas (483) só alcançada por alguns poucos alguns poucos engenhos situados nas freguesias de Cotegipe e Matoim. O engenho “São Felipe” é mencionado nos registros das terras da freguesia de São Pedro do Rio Fundo como vizinho dos engenhos mencionados “Buri” “Bomfim” e dos engenhos “Mercês” (484), mas não foi registrado aí de sorte que não conhecemos seu dono.

 

Engenho respeitável também era o denominado “Pato” que tr6abalhaaava em 1854 com Máquina a vapor 70 escravos e 140 bois estava bem administrado pois apesar de apenas possuir 800 tarefas, sendo 500 de massapê, 100 de “Salão” e 200 de terrenos arenosos, produzia anualmente 10.000 arrobas de açúcar (484). Estranhamos que um engenho deste tamanho e de tão boa produção, entre 1857 e 1862, quando se registraram obrigatoriamente os engenhos da freguesia do Rio Fundo não foi registrado e nem mencionado como vizinho de outros.

 

Engenho de bom tamanho, mas de fraca produção foi o denominado “Santos Apóstolos”, pois, em 1854, possuiu 1.019 tarefas de terras, sendo 919 de massapê, 60 de “Salão” e 40 de terrenos arenosos. Moía a cana com 50 cavalos, carreando-a com 40 bois e trabalhando com 40 escravos; mas recebia cana para moer de “meia” por três fazendas que, por vez possuía 17 escravos. Tinha, porém, apenas uma produção anual de 5.000 arrobas de açúcar (485). Este engenho foi registrado aos 29 de maio de 1859, por João Muniz Fiuza, acrescentando que era vizinho dos engenhos “Parnaguá”, St. Antônio e “Terra Nova”, ficando no norte situado junto ao rio Pojuca (486).

 

Ainda devemos mencionar o engenho “Cajá” mencionado em 6 de setembro de 1862, como situado nas proximidades dos engenhos já citados de “São Felipe”, “Bom Gosto” e “Papagaio” (487), sem, porém, ser registrado por seu proprietário.

 

O mesmo observamos com o engenho “Mercês”, também citado como vizinho dos engenhos “São Felipe” e “Papagaio” (488). Ficou na mesma posição o engenho “Brejo de André”, também vizinho do engenho “São Felipe” (489).

 

Na freguesia de São Pedro do Rio Fundo aos 28 de dezembro de 1857, ainda foi registrado por Teotônio de Moraes o engenho “denominado” “Outeiro” que se divide pelo norte com terras de José Joaquim de Moraes, pelo nascente com terras do capitão Luiz Antônio Ferreira Barros, pelo qual poente com terra de Manoel Joaquim de Moraes e pelo sul com Manoel Joaquim Alvares (490); já que são enumerados dois vizinhos com o mesmo  sobrenome “Moraes” de proprietário, vemos tratar-se de um engenho que tinha passado por várias partilhas.

 

Como vizinho dos engenhos já mencionados de “Nazaré”, “Buraco”, e “Paciência”, em 1862, ainda é citado o engenho “São Tomé da Barra” (491).

Aos 14 de dezembro de 1859 o Sr. José Garcez dos Santos registrou “sua fazenda “Margem do Pojuca” com 400 tarefas de terras” que provavelmente era engenho, pois era vizinho ao engenho já mencionado “Bom Gosto” (492).

 

Caso semelhante provavelmente se deu com a fazenda “Amparo”, registrada, aos 7 de maio de1859 por Luiz Antônio de Freitas Barros, cujo nome já foi em cima como vizinho do engenho “Outeiro” (493).

 

Vizinho do mesmo engenho “Outeiro” também era “um pedaço de terra” registrado, aos 8 de julho de 1857, pelo vigário da freguesia de São Pedro do Rio Fundo, o padre José Teles de Menezes (494), podendo se tratar tanto de uma fazenda como de uma engenhoca.

 

E já temos várias fazendas que colaboraram com engenhos ((495), fornecendo-lhes cana para moer de “meia”.

Vemos que estamos muito bem informado sobre 28 engenhos da freguesia do são Pedro de Rio Fundo.

 

 

11) O povoamento do município de Amélia Rodrigues

 

Vários engenhos no sec. XIX pertencentes à freguesia de São Pedro do Rio Fundo, em 1963, foram desmembrados dela com a criação do município de Amélia Rodrigues, são os seguintes.

Aqui devemos mencionar em primeiro lugar o engenho Jacuípe de Cima”, também chamado “Jacuípe de Fora”. Deve ter ido   fim do Séc. XVIII, para ainda ser chamado “engenho Jacuípe Novo”, aos 21 de agosto de 1819, quando José Alexandre de Abreu Barreto e sua mulher Joana Alvares de Campos o venderam por oitenta e oito contos de réis

 A Antônio Joaquim Pinto de Almeida, então já moendo sua cana “com 50 cavalos, possuindo uma casa de sobrado, casa de engenho de caldeira e de purgar com toda as suas oficinas e acessórios e mais pertences, uma casa velha de alambique coberto de telha, 25 senzalas, parte de sul com terras  do engenho “Corumbá “e do  engenho  “São Miguel”, da parte do leste com terras do engenho”, e seguindo Terra Nova” e seguindo o mesmo rumo procurando o norte com terras do engenho “Aramaré” e voltando para o oeste com terras do engenho “Gavião” e com terras do engenho “Carapiá”, e seguindo para o sul com terras do engenho “Mata” (496), quase todos os engenhos aqui  já foram citados já foram tratados por nós ou na freguesia de Santo Amaro da Purificação (na primeira parte deste livro) ou na de São Pedro do Rio Fundo, no capítulo anterior. Em 1854 ainda moía com cavalos (embora ainda tivesse apenas 40 em vez de 50 em 1819), carreava sua cana com 40 bois. Possuia800 tarefas de terras, das quais 500 eram de massap~e,300 de “Salão”, e 200 de terras arenosas. Trabalhava com 29 escravos; mas os três fazendeiros que moíam cana de “meia” no engenho, ainda possuíam outros 28 escravos. Sua produção anual era de 4.000 arrobas de açúcar (497). Aos 14 de julho de 1857, o engenho foi registrado com o nome de “Jacuípe de Fora” por José Alvares Pinto Almeida, afirmando aí possuir 900 tarefas de terras que se dividem pelo nascente com terras do engenho “Jacuípe do Brito”, pelo poente com terras do engenho “Triunfo “pelo sul com terras do engenho “Cazemba” 9498).

 

O primeiro engenho citado foi o engenho do ”Brito”, já existente em 1857 (499) e ainda funcionava, em 1859 (500), embora em mencionar o seu proprietário.

O engenho “Triunfo” funcionava, em 1854, trabalhando com máquinas a vapor, possuindo 30 escravos e 40 bois; tinha 800 tarefas de terras, das quais 600 eram de massapê, 120 de “Salão” e 80 de terrenos arenosos, produzindo anualmente 4.000 arrobas de açúcar (501). Foi registrado, aos 5 de outubro de 1857, por Antônio Alvares Pinto de Almeida, acrescentando que “o houve por herança de seu pai, o major Antônio Joaquim Álvares Pinto”, o acima citado dono do engenho “Triunfo” foi desmembrado do engenho “Jacuípe de Fora”. Continua dizendo então que o engenho “Triunfo” se divide pela nascente com a fazenda “St. Rita” pertencente a Francisco de Araújo Braga e com os engenhos “Jacuípe de Nossa Senhora do Desterro”, “Terra Nova” e “Periperi”, pelo poente com os engenhos “Carapiá” e “São Pedro da Mata”, pelo sul com o engenho “Jacuípe de Fora, pelo norte com o engenho “Aramaré” (502). Do engenho “Triunfo” veio aos nossos dias uma bela casa com varandas de lados sustentadas por colunas toscanas coberta por um telhado de quatro águas (503), provavelmente já construída na primeira metade do século XIX, tipo de casa muito comum nas freguesias de São Sebastião, Rio Fundo e Catu. Não inventada na Bahia, ao que parece de origem indiana.

 

“Terra Nova” foi um dos engenhos vizinho do engenho “Triunfo” e provavelmente hoje pertencente mais ao município de “Terra Nova” dando-lhe o nome, pois era um dos engenhos maiores desta Zona, possuindo 2.280 tarefas de terras, em 1854, das quais 1.280 eram de massapê, 340 de “Salão” e 660 de terrenos arenosos. Tinha 85 escravos; seus quatro fazendeiros que moíam sua cana no engenho “Terra Nova” de “meia” Ainda possuíam 68 cavalos. O engenho trabalhava com máquina a vapor e carreava cana com 140 bois, produzindo anualmente 13.000 arrobas de açúcar, figurando, pois entre os maiores engenhos do recôncavo baiano (504). Era engenho antigo funcionando em 1757 (508). Aos 9 de setembro de 1862, foi registrado por Antônio Bitencourt Berenguer Cesar, dizendo que não possuía “3.300 tarefas de terras”, tendo, pois, comprado 1,020 tarefas entre 1854-1862, que se dividem pelo sul com do engenho St. Antônio” e do engenho dos “Santos Apóstolos” e terras do engenho “Papagaio”, ao norte com terras do engenho ”Aramaré” e a oeste com terra do engenho ’Periperi” (506).

 

Outro vizinho do engenho “Triunfo” era o engenho “Periperi” que, em 1854, moía sua cana com 80 cavalos e careava com 148 bois com o auxílio de 85 escravos. Possuía 900 tarefas, das quais 800 eram de massapê, 40 de “Salão” e 60 de terrenos arenosos. Produzia 8.000 arrobas de açúcar (507), boa produção para as terras que possuía. Aos 5 de outubro de 1857, foi registrado Joaquim Álvares Pinto de Almeida, mas apenas “400 tarefas de terra que houve por herança de seu sogro Frâncico Muniz Barreto, as quais sendo desmembradas do engenho “Periperi”, pertencente ao dito seu sogro, se dividem pelo nascente com o engenho “Periperi” pelo poente com os engenhos “Aramaré” e “Triunfo”, pelo sul o engenho “Terra Nova” e pelo norte pelo engenho “Aramaré”, já que foi registrada esta parte separada do engenho “Periperi” do engenho do “Triunfo” (508) trata-se do pai do dono do engenho “Triunfo” que herdou a ditas 400 tarefas desmembrada do engenho “Periperi”.

 

Mais outro engenho vizinho ao do “Triunfo” foi denominado “Aramaré”, já funcionando em 1757 (509). Em 1854 o engenho “Aramaré” trabalhava com máquina a vapor, 70 bois e 60 escravos; mas seus três fazendeiros que lhes forneciam cana para moer ainda possuía 56 escravos. O engenho tinha 1.700 tarefas de terra das quais 700 massapê, 300 de “Salão” e 700 de terreno arenosos; produzia anualmente 9.000 arrobas de açúcar (510).o coronel Manoel Lopes da Costa Pinto registrou o engenho, dizendo que possuía “mil e quatrocentas e tantas tarefas que se dividem pelo sul com as terras do engenho “Triunfo”, pelo leste com terras do tenente Antônio Joaquim Alvares e com as do engenho “Periperi”,  pelo norte sempre pelo rio Pojuca, pelo oeste com a terras do Barão do Itapicuru e com a terras do mosteiro de São bento e com as do engenho “Carapiá” (511).

 

Com esses seis engenhos, hoje pertencente total ou parcialmente ao município de Amélia Rodrigues, podemos atribuir à antiga freguesia de São Pedro do Rio Fundo trinta e quatro engenhos e dos mais produtivos do recôncavo baiano todo, figurando juntamente com as duas paróquias de Cotegipe e Matoim como as melhores zonas produtoras de açúcar. E não se trata de engenho apenas funcionando no séc. XIX, mas grande parte deles já existiram no sec. VIII e em massapê, apresentando assim engenhos de apenas 800-1.000 tarefas de terras iguais produções e engenhos de duas a três mil tarefas de outras zonas do recôncavo baiano. E apesar dessa boa produção, formou-se nesta paróquia do Rio Fundo apenas uma pequena Vila e no meio dela uma matriz modesta que podia pensar tratar-se de zonas de terras fracas e pouco produtivas na monocultura da cana.

E enquanto até agora não se apresentou nenhuma notícia histórica fidedigna sobre obre desta matriz do Rio Fundo (812), eu posso apresentar também alguns dados históricos documentados sobre a sua história.

Em primeiro lugar, ficamos admirados de se conservar uma paróquia rica uma Matriz de taipa até 1730, pois, em 1728, o vigário da freguesia de São Pedro do Rio Fundo, o padre Felipe Dias Barbosa dirigiu um requerimento ao Rei solicitando uma ajuda de custo para construir uma capela-mor e sacristia de pedra e cal (513). Embora no presente caso ignoramos quando e que soma de ajuda de custo foi dada; não resta dúvida porém que se deu e com alguns poucos milhares de cruzado construiu-se no sec. XVIII e terminou no sec. XIX uma das matrizes mais modesta do recôncavo baiano, confirmando, outra vez o que já observamos nas paróquias rica de Cotegipe, Matoim e Passé que os donos ricos dos grande engenhos colaboraram nada muito pouco nestas obras, pois todos eles tinham capela e muitas vezes capelão próprio nos seus engenhos, não se interessando pois para matriz. Não havia, pois, espirito religioso entre os brancos e sim apenas espirito de ostentação: a religião católica era oca por dentro.

De outro lado, estas matrizes antigas de taipa não eram tão miseráveis como geralmente se pensa, pois quando nós hoje ouvimos falar de casas de taipa tomamos como comparação os casebres miseráveis em que até hoje mora o povo, em parte ainda cobertos por palha e que remontam na sua técnica de construção à origem africana. Tal caso não se deu com a construção tanto de igrejas como de casas grandes, de engenhos de taipa, pois sua técnica de construção remontou à origem europeia, no presente caso à origem alemã devido a imigração muito forte no norte de Portugal dos Suebos e Visigodos. Já que dois traços de portugueses que vieram se estabelecer na Bahia vieram destas regiões do Porto e Braga, eles trouxeram esta técnica para cá, embora então na sua terra já pouca usada por falta de floresta que, porém, não faltaram aqui. E este tipo de construção deu mais certo e conservou-se mais tempo em Minas Gerais, região mais seca, do que o recôncavo baiano, região úmida, na qual madeira aparelhada de lei e bem resistente à umidade (como sucupira e Massaranduba) colocava-se dentro do alicerce de pedra de cal, se nestes alicerces já pudessem usar cimentos, estas casas e igrejas iam durar cem e tantos anos. É só olhar o desenho da matriz do Rosário de Santa Rita de Durão, de Minas Gerais, que José Wasth Rodrigues publicou (514). E foi da mesma técnica a Casa grande do Engenho “Orubas” da freguesia de Catu que parou nas minhas mãos vinte anos atrás podendo observar a técnica de construção tentando conservar a casa que mesmo assim durou mais de 120 anos provados (como vimos no outro capítulo).

 

 

12) O povoamento da freguesia de São Sebastião de Passé

 

Embora a freguesia de São Sebastião de Passé, tivesse sido criada no mesmo ano de 1718 como a de São Pedro do Rio Fundo, seu povoamento por engenhos deu-se em grande parte já na segunda parte do sec.  XVII.

Na freguesia de São Sebastião do Passé, no presente caso, incluímos também vários engenhos que pertenciam às paróquias do Monte de São Gonçalo, seja por que posteriormente foram incluídos no município de São Sebastião do Passé, seja porque estão situados na vertente das águas para o oceano atlântico, pois os rios Joanes e Jacuípe têm sua nascença ou recebem afluentes destas freguesias.

Um dos engenhos situados na freguesia de São Gonçalo foi denominado “Buranhem” que já funcionou em 1757 (515). A 5 de agosto de 1828, este engenho estava nas mãos de Felix Bitencourt e Sá que o tinha comprado a sua irmã Florência de Bitencourt Aragão Pita, viúva de Francisco Joaquim da rocha Pita, mas ele o vendeu por 57 contos de reis na data mencionada a Joaquim Ferreira Bandeira (516). Aos 12 de março de 1858, este engenho pertenceu ao dr. Aristides Bandeira (517).

 

Na mesma freguesia de São Gonçalo estava situado o engenho “Capimirim”, e já funcionava em 1757 (518). Aos 4 de setembro de 1855, estava nas mãos do coronel Antônio Pedrosa de Albuquerque (519) que o registrou, aos 14 de maio de 1858, acrescentando que tinha 3.000 tarefas de terras (520).

 

Um dos grandes engenhos da freguesia do Monte, mas situado na zona que mandava suas águas para o Atlântico, era o denominado ”Caranassu” que, aos 6 de setembro de 1845, o tenente coronel Joaquim Ignácio de Araújo Bulcão d vendeu pelo preço muito alto de 114.500$000 reis a Joaquim Alves da Cruz Rios dizendo que ficava na vizinhança dos engenhos “Pouco Ponto” “Sta. Cruz” e “Lagoa” (521). Este Joaquim Alves da Cruz Rios o registrou aos13 de julho de 1858, dizendo que tinha 1.050 tarefas de terra, a parte principal comprada do dito Bulcão, mas que comprou mais 64 tarefas a José Bernardino de Teves e Argolo (522).

 

O engenho pouco “Ponto” já funcionava, em 1757 (523) e mesmo anteriormente, pois, aos 6 de junho de 1772, já aparece como proprietária deste engenho Dona Helena Leite dos Santos, viúva do dr. Francisco Fernandes Ripado (524). Em 1760, estava nas mãos de João de Teves e Argolo e de sua mulher Ana Joaquina Marques de Almeida que o comprou por 55.000 cruzados “com 80 escravos, bois, cavalos e mais de cinco mil em cobres “ (525”. Foi várias vezes mencionado nos registros dos engenhos, entre 1857-1858 (526), pertencendo então ao capitão José Bernardino de Freitas e Argolo, possuindo 2.040 tarefas, passando com morte dele, por não ter filhos, a José Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, o segundo Barão de Pirajá. Tanto a Casa Grande como a capela vieram em estado lamentável de conservação aos nossos dias. O engenho “Pouco Ponto” não usava casebres de taipa, como quase todos os outros engenhos do recôncavo, e sim os fazia morar no pavimento térreo da sua Casa Grande, (527) uso que encontramos também no engenho “Orubas” na freguesia de Catu; e os senhores da Casa da Torre de Tatuapara usando o mesmo sistema, pois era mais seguro, havendo menos possibilidades de os escravos poderem fugir à noite.

 

Outro engenho vizinho era o denominado “Santa Cruz”, também já existente, em 1757 (528). Em 1785, seu dono era o coronel José Diogo Ferrão Casablanco (529). Deste proprietário herdou-o Francisco Assis Geraldes que aparece como dono do engenho “Sta. Cruz”, aos 7 de março de 1826, quando o arrendou por 9 anosa 3.600$000 reis anualmente a José Maria Pina de Melo (530). Aos 11 de março de 1856, estava nas mãos do major José Diogo de Pena e Melo que hipotecou por 43.476$917 reis (5310. Aos 15 de fevereiro de 1859, o engenho foi registrado pelo major José Diogo Ferrão Pina e Melo, acrescentando que o herdou “de seu falecido pai, o coronel José Maria Pina e Melo com 1.455 tarefas” (532).

 

Outro engenho antigamente pertencente à freguesia do Monte foi ao da “Lagoa”. A referência mais antiga que, por ora, conhecemos ao engenho da “Lagoa” é de 1715; o Marquês de Angeja, Governador e Vice-Rei da Bahia, no dia 28 de março do dito ano, chamou “o capitão-mor Miguel Pinheiro de Carvalho, morador no engenho da “Lagoa” para vir à Capital baiana (5330. Já que era “morador do dito engenho,

(A cópia xerox encerra aqui, pag. 58 do livro – 12.05.2015 – Viraldo)

 

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