Terra Nova

Escrito por Viraldo B. Ribeiro
Qua, 18 de Novembro de 2009 10:22

O presente trabalho considera o ano de 1900 como ponto inicial da história de Terra Nova.

Claro que as histórias se fundamentam em contecimentos que refletem no comportamento atual das pessoas; nas mudanças das coisas que compõem o cenário.

foto1Em um povoado, em uma cidade, ou seja, em um lugar onde vivem pessoas, existem as elites que comandam e tomam decisões. Ditam regras com reflexos nas demais classes. As regras ou leis que ditam os comportamentos se tornam mais igualitárias à medida que as classes menos favorecidas vão ficando mais esclarecidas passando a lutar pelos seus direitos. Esse estágio vai sendo alcançado com a educação, com a melhoria de escolaridade.

Até dez anos anteriores ao início do século XX, o Brasil era um país de analfabetos, escravos e escravocratas. A abolição se deu em 1888, um ano antes de o país se tornar república. A liberdade dos negros não lhes deu direito a nenhuma indenização. Foram lançados à própria sorte, sem direito nem ao menos um pedaço de terra para tirar seu sustento. Direito a um pedaço da terra em que tanto trabalhou.

Um país onde a maioria da população não escolhia trabalho, não tinha direito de estudar, nem mesmo de poder constituir uma família. Sem direito sobre si mesma, só poderia projetar na sua história, uma grande diferença entre as classes sociais.
Terra Nova, no ano de 1900, era um território formado por diversas fazendas cujos proprietários foram donos de engenhos, que transformaram suas terras em grandes canaviais e fazendas de gado. Entre os engenhos estavam o Aramaré, Periperí, Caraconha ou Caracuonha, e o engenho Terra Nova, que depois passou a denominar povoado.

O século XIX não havia deixado grande herança para que o século seguinte impulsionasse a economia, gerando emprego e renda para a população.
A indústria da cana de açúcar se perpetuou com base numa mão de obra barata ou gratuita, dificultando o crescimento de outros setores da economia, por não ter a quem vender, ou seja, faltava consumidor por que faltava renda.

A Ferrovia implantada na região, apesar de não representar um grande consumidor de mão de obra, foi de fundamental importância para o transporte do derivado da cana de açúcar e também para os deslocamentos, da população, entre Santo Amaro e Bom Jardim também para as viagens para Salvador, naquele tempo chamada Bahia.

A população, naquele inicio de século XX, recém saída de um regime escravista, tanto as elites como dos descendentes de ex-escravos, mantive o mesmo tipo de relação: o senhor e o subordinado.

No caso do povoado que começava a se estabelecer, a posse da terra, outro fator importante na equação econômica, continuava nas mãos de uma minoria. Contavam-se nos dedos, quatro ou cinco famílias como proprietárias.

É nesse ambiente que se faz o marco inicial de Terra Nova: ano de 1900. E nessa situação que os três pilares da Economia se combinam (Terra, Trabalho e Capital). O trabalho representado pela mão de obra e o capital pela Usina e Ferrovia. Dentro desse contexto formou-se o povo terranovense.

A terra completamente concentrada na mão de poucos, aliado ao fato de ser ela um território espremido entre o morro e o Pojuca, impedia que pequenos agricultores, com suas hortas, sítios, chácaras, prosperassem com novas atividades comuns nos municípios vizinhos.

O legado deixado respondeu positivamente por três ou quatro décadas, pois a agroindústria não requeria grandes conhecimentos.

Nos canaviais, por exemplo, a avaliação do cortador de cana baseava-se na sua resistência física, para os feitores e administradores de campo, bastava saber ler, escrever e fazer contas para darem conta de suas tarefas.

A partir da metade do século XX, porém, o mercado de trabalho passou a exigir novos conhecimentos técnicos para serviço; que não exigiam apenas a força humana, a escola pública deixou de atender a essas novas necessidades, deixando uma lacuna até hoje não preenchida.

É evidente que, se as leis que foram libertando os escravos (Ventre Livre, Sexagenário) fossem acompanhadas de cessão de lotes de terra em favor dos libertos e do direito de serem alfabetizados, o grau de consciência, em 1889, na abolição da escravidão seria outro.

Terra Nova, portanto começou no ano de 1900, favorecida com uma Estrada de Ferro Estrada de Ferro Santo Amaro; uma Usina de cana Usina Terra Nova; um povo livre; sem Escola; com monopólio de terra.

Terra Nova

Escrito por Viraldo B. Ribeiro
Qua, 18 de Novembro de 2009 10:22

O presente trabalho considera o ano de 1900 como ponto inicial da história de Terra Nova.

Claro que as histórias se fundamentam em contecimentos que refletem no comportamento atual das pessoas; nas mudanças das coisas que compõem o cenário.

foto1Em um povoado, em uma cidade, ou seja, em um lugar onde vivem pessoas, existem as elites que comandam e tomam decisões. Ditam regras com reflexos nas demais classes. As regras ou leis que ditam os comportamentos se tornam mais igualitárias à medida que as classes menos favorecidas vão ficando mais esclarecidas passando a lutar pelos seus direitos. Esse estágio vai sendo alcançado com a educação, com a melhoria de escolaridade.

Até dez anos anteriores ao início do século XX, o Brasil era um país de analfabetos, escravos e escravocratas. A abolição se deu em 1888, um ano antes de o país se tornar república. A liberdade dos negros não lhes deu direito a nenhuma indenização. Foram lançados à própria sorte, sem direito nem ao menos um pedaço de terra para tirar seu sustento. Direito a um pedaço da terra em que tanto trabalhou.

Um país onde a maioria da população não escolhia trabalho, não tinha direito de estudar, nem mesmo de poder constituir uma família. Sem direito sobre si mesma, só poderia projetar na sua história, uma grande diferença entre as classes sociais.
Terra Nova, no ano de 1900, era um território formado por diversas fazendas cujos proprietários foram donos de engenhos, que transformaram suas terras em grandes canaviais e fazendas de gado. Entre os engenhos estavam o Aramaré, Periperí, Caraconha ou Caracuonha, e o engenho Terra Nova, que depois passou a denominar povoado.

O século XIX não havia deixado grande herança para que o século seguinte impulsionasse a economia, gerando emprego e renda para a população.
A indústria da cana de açúcar se perpetuou com base numa mão de obra barata ou gratuita, dificultando o crescimento de outros setores da economia, por não ter a quem vender, ou seja, faltava consumidor por que faltava renda.

A Ferrovia implantada na região, apesar de não representar um grande consumidor de mão de obra, foi de fundamental importância para o transporte do derivado da cana de açúcar e também para os deslocamentos, da população, entre Santo Amaro e Bom Jardim também para as viagens para Salvador, naquele tempo chamada Bahia.

A população, naquele inicio de século XX, recém saída de um regime escravista, tanto as elites como dos descendentes de ex-escravos, mantiveram o mesmo tipo de relação: o senhor e o subordinado.

No caso do povoado que começava a se estabelecer, a posse da terra, outro fator importante na equação econômica, continuava nas mãos de uma minoria. Contavam-se nos dedos, quatro ou cinco famílias como proprietárias.

É nesse ambiente que se faz o marco inicial de Terra Nova: ano de 1900. E nessa situação que os três pilares da Economia se combinam (Terra, Trabalho e Capital). O trabalho representado pela mão de obra e o capital pela Usina e Ferrovia. Dentro desse contexto formou-se o povo terranovense.

A terra completamente concentrada na mão de poucos, aliado ao fato de ser ela um território espremido entre o morro e o Pojuca, impedia que pequenos agricultores, com suas hortas, sítios, chácaras, prosperassem com novas atividades comuns nos municípios vizinhos.

O legado deixado respondeu positivamente por três ou quatro décadas, pois a agroindústria não requeria grandes conhecimentos.

Nos canaviais, por exemplo, a avaliação do cortador de cana baseava-se na sua resistência física, para os feitores e administradores de campo, bastava saber ler, escrever e fazer contas para darem conta de suas tarefas.

A partir da metade do século XX, porém, o mercado de trabalho passou a exigir novos conhecimentos técnicos para serviço; que não exigiam apenas a força humana, a escola pública deixou de atender a essas novas necessidades, deixando uma lacuna até hoje não preenchida.

É evidente que, se as leis que foram libertando os escravos (Ventre Livre, Sexagenário) fossem acompanhadas de cessão de lotes de terra em favor dos libertos e do direito de serem alfabetizados, o grau de consciência, em 1889, na abolição da escravidão seria outro.

Terra Nova, portanto começou no ano de 1900, favorecida com uma Estrada de Ferro Estrada de Ferro Santo Amaro; uma Usina de cana Usina Terra Nova; um povo livre; sem Escola; com monopólio de terra.

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