USINA DE FOGO MORTO; O RAMAL FERROVIÁRIO; NO RASTRO DOS ENGENHOS
Escrito por Administrator
Sex, 01 de Fevereiro de 2002 13:24
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Número 10 – Edição 01 – Sítio Inhatá, 1 a 28 de fevereiro 2002
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USINA DE FOGO MORTO
A falência dos engenhos e posteriormente das usinas de açúcar provocou a extinção de diversas comunidades dependentes do cultivo e da exploração da cana de açúcar.
A atividade açucareira prescindia sempre de uma extensão de terra muito grande e mão de obra gratuita ou mal remunerada. No período colonial, a mão de obra se confundia com o capital, pois os negros, independente de ser ou não remunerados tinham um regime de trabalho absurdo; atuavam como se fossem equipamentos , arados, máquinas (com pouco cuidado de manutenção).
“Eles trabalhavam desde a madrugada até a noite…Como em outras partes do engenho, na moenda os cativos trabalhavam em turnos, em geral dois durante as dezoito a vinte horas por dia de trabalho. – Segredos Internos Stuart Schwartz pág.130”
Com a concentração da propriedade da terra, e a moeda sem circulação tornou-se difícil desenvolver outras atividades para ocupar a mão de obra.
A paulatina libertação do negro, (conseqüentemente o aumento de custo da mão de obra) diminuía a eficiência econômica dos engenhos culminando com a obsolescência. A quebra das usinas também teve participação da mão de obra, no que tange às conquistas trabalhistas.
Sem que necessite buscar lá atrás os engenhos, as usinas atestam a decadência populacional. Poucas no Recôncavo, uma ou outra, como Terra Nova, Cinco Rios (Maracangalha) e Aliança escaparam.
Aliança será uma questão de tempo, enquanto a fábrica estiver ativada. Mesmo com um fato novo de ser um distrito, a tendência é a migração de sua gente.
Terra Nova é uma situação atípica, com certeza influenciada pela sua forma geográfica. Dividida em dois lados pelo rio Pojuca, na margem direita, eram a usina e uma comunidade ligada à cana, do outro lado desenvolveu o centro comercial alavancado por uma pequena feira. Vista antiga da Usina de Terra Nova.
A F e i r a – O povoado, nas terras do engenho Aramaré, que se tornou Terra Nova, desenvolveu-se pela força da feira instalada na Rua da Quinta Feira – Decreto assinado pelo rei de Portugal em 9 de agosto de 1819, a pedido do proprietário do engenho .
O RAMAL FERROVIÁRIO
Santo Amaro/ Jacu, que funcionou de 1883 a 1964 foi, com certeza, outro fator que impulsionou o crescimento do povoado da Freguesia de São Pedro do Rio Fundo.
PONTILHÃO JACÚ
A comunidade do lado da usina, confirmando nossa constatação, tendia ao desaparecimento com o fechamento da usina. Porém a Prefeitura e órgãos não governamentais começam a intervir, o que poderá alterar em médio prazo a tendência.
Cinco Rios – Instalada no distrito de Maracangalha, da usina restam ruínas de algumas instalações e os bueiros da usina. Mas a comunidade existe com suas escolas, casas bem cuidadas, praça, pequena igreja, sua festa, seus sambas. Em janeiro de 2002 realizou-se o primeiro festival de música, que faz parte do Calendário de Festivais do Recôncavo. Maracangalha é um lugarejo simples e gostoso.
A música composta por Caymi “Eu vou pra Maracangalha”, foi um gancho importante para a sua sobrevivência.
Anualmente o grupo Verde Trem faz um passeio de trem para a festa de Santo Amaro. Maracangalha (São Sebastião) está no roteiro.
Como Terra Nova, Maracnagalha escapou da máxima das usinas de fogo morto. Senti firmeza no olhar de sua gente, um olhar confiável Quem visita volta, mesmo sem Anália.
NO RASTRO DOS ENGENHOS
Caminhando no rastro dos engenhos encontramos muitas edificações bonitas. Muito bonitas mesmo. Valeu apenas a surpresa do engenho Campinas, quando fomos no rastro das ruínas na Baia de Iguape.
De longe avistamos um ponto branco que enfeitava a paisagem verde do arenito da fazenda: era uma capela. Na Sede soubemos tratar-se da Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, festejada todo dois de fevereiro. Nos desviamos e fomos pelo corredor formado pela fazenda de gado e de cacau, bater à porta do vaqueiro da hoje fazenda.Tudo excepcionalmente conservado: Capela, Casa Grande, dependência dos empregados. Um verde maravilhoso pontuado por construções brancas.
Conversamos com D. Elta, mulher do administrador (vaqueiro) da fazenda, propriedade da família Novis. Ela nos disse que as dependências da sede são usadas, de vez em quando, para filmagens.
Quem consultar Arquitetura do Açúcar de Esterezilda, ficará sabendo que o Engenho Campinas, Município de Cachoeira, está entre os sete com casa e capela, que escapou da depredação natural ou descaso dos herdeiros; da revolta dos índios e da vingança dos holandeses, lembrado pelo Bangüê numero 3.
Vamos continuar nas rachaduras do massapê, rastreando os bangüês de fogo morto e as usinas, fotografando e prosando com a comunidade.
No Rastro dos Engenhos – Como o engenho Campinas existe, com certeza, poucos. Encontramos algum completamente depredado , como o de Passagem dos Teixeira, também distinguido pela historiadora Esterezilda, entre os poucos com casa e capela .
Entretanto, encontramos outros de construção mais nova (século XIX) como o Engenho D”Água, bastante estragado, porém recuperável. Listado inclusive no “ Roteiro Ecoturstico da Bahia – Bahia de Todos os Santos. Um verdadeiro cenário, que precisa ser divulgado através de clipes, visitas escolares, de todas formas que o município poder. Assim quem sabe brotará uma política de preservação, com certeza de grande utilidade para a juventude de amanhã.
Percebe-se na foto do engenho, a altura em que a capela foi construída. O engenho (as ruínas) está localizado no município de Candeias, Passagem dos Teixeira. Apesar de completamente em ruínas, a comunidade existe e o distrito é razoavelmente assistido pela prefeitura.
Nas caminhadas pelo Recôncavo visitamos as ruínas do Instituto Baiano de Agricultura, criado em 1859 e inaugurado em 1877 por D. Pedro II. “…na localidade de São Bento das Lages, nas terras do engenho dos padres beneditinos, às margens dos rios Subaé e Sergimirim” Baía de Todos Santos – Roteiro Turísticos.