Cardápio da Semana
Escrito por Viraldo B. Ribeiro
Ter, 18 de Maio de 2010 22:27
Ninguém sabe o que vai comer, meio dia,
A não ser a dona da casa, e sabe-se lá se…!
Não porque não se tenha
É por que não se sabe mesmo.
Antigamente (só para os íntimos do tempo)
Antigamente, em Terra Nova, por exemplo,
Quando não se tinha geladeira pra conservar comida,
Cozinhava-se a carne na forma de lombo.
Feijão tinha de ser do mesmo dia,
Ou no máximo de dois, conservava fervido na panela de barro.
Era tudo programado.
Qualquer membro da família sabia o que se ia comer
De segunda a domingo, ou melhor,
De segunda a sábado
Domingo poderia ser andu, mangalô, feijão de corda.
Até mesmo galinha, que era prato especial.
Era tido como pra mulher parida.
Era um deus nos acuda,
Se saía de porta em porta:
Tem galinha pra vender?
Segunda-feira, dia da feira,
Bife, fígado, ou miolo, com farofa d’água.
Pela noite, como o almoço foi fraco,
Comia-se cozido.
Terça-feira era dia de feijão.
Quarta feira, os muitos católicos
Guardavam o dia, não se comia carne,
Era moqueca de bacalhau
Com mamão verde, feijão doce.
Quinta feira novamente feijão
Machucado com machucador
Feijão com carne do sertão, de boi e toucinho
Era feijão, não chamava feijoada não.
Sexta feira era dia-de-guarda.
Carne nem pensar, quase todos católicos.
Bacalhau ou surubim ou marinheira da Pojuca
Mamão verde cortadinho
Sábado, feijão, carne só pra dá gosto.
Complementava bife, ou fígado, miolo, rins.
Não era dia de feira, mas matavam boi.
Tudo era programado, até a hora.
Com todos sentados à mesa.
Almoço dividido rende menos.
Tudo isso com farinha
Domingo era o único dia,
Único que saía do programa.
Até mesmo a hora era diferente.
Tem galinha pra vender?
viraldo
(Revisado em 269607 buscar data)