D. Piedade Pacheco Pereira

Santo Amaro, 07 de dezembro de 2011

Entrevista Espaço Banguê Viraldo

Nome dos pais?

Entrevistada- Américo Pacheco Pereira. Os filhos foram quatros: Mario Pacheco Pereira, João Pacheco Pereira, Arthur Pacheco Pereira, Mario Pacheco Pereira.

Irmãs tinha: Maria José Pacheco de Sena, Eunice Pacheco Guimarães, casada com Doutor Flaviano Guimarães – diretor da Estrada Rodagem lá do Derba- Salvador, Djair Pacheco de Amazonas, e eu que sou a última Maria Piedade Pacheco de Sena. Quer dizer eu vim depois dela, e depois de dois homens vim entre Américo e Mário. Américo já era nascido, depois de dois ou três anos eu nasci, não sei dizer bem.

Os tios: José Pacheco Pereira Filho, Luiz Pacheco que era pai de Régis (foi Governador), tio Francisco Pacheco, irmãos naturais tinha mas aí eu não sei dizer não.

As Tias: Eu só conheci Maria do Carmo Pacheco Pereira. Tinha Tia Nina, mas eu não sei dizer o nome. Agora se tinha umas tias naturais, que eram: Farmacêutica- Laura, tinha Xixita, Eulina- é não sei dizer o nome do marido dela. Depois Eulina, sempre procurava a gente, mas lá em Terra Nova, quando ela fez a festa de aniversário em Salvador, ela me convidou. Daí eu conheci as meninas, não conheci os meninos todos. Daí para cá foi que as meninas passaram a vim me procurar, e eu fiquei muita satisfeita. Essa menina é filha de Angelina que cria, uma menina muito boa Edna.

Entrevistador- Eu conheci Dona Eulina, e Senhor Roque Pacheco.

Entrevistada- Ah!!! Tio Roque. São humilde coitado. Tio Arnaldo, pessoa muito humilde meu pai abraçava ele.

Entrevistador- Tia Mocinha foi mulher de Renato.

Entrevistada- Ah! Renato é! Renato perdeu uma vista com arma de guarda-chuva. Renato, Hildete, Detinha, Mocinha, Zizinha ela Angelina, tinha outra que morreu, não sei se era Hilda, Zizinha. Eu já conheci a mãe Adolfo, doutor Roque. Tinha Vó Miana, Mariana o nome dela. Ela tinha muita coisa com meu pai; chamava meu pai de Neneco, meu tinha muita coisa, muito cuidado com ela. Ela tinha a mania de ir na malhada, aonde tinha gado de leite, toda 05:00 hs da manhã tomar banho.

Entrevistador- O Governador Regis Pacheco era filho de Doutor Luiz.

Entrevistada- É. A esposa dele era de Conquista, ele morava em Conquista. Agora ele passava muito as férias em Terra Nova, mas era na casa de Tio José. Ia ver meu pai e tudo isso, mas ficava com Tio José. Depois que ele casou, Tia Ceci a mãe dele, morava nos Barris. Tio Luiz ficou muito doente, tinha muita coisa comigo, aí mandava pedir para eu ir nas férias umas duas ou três vezes, Julieta a filha dele vinha me buscar, me levava e eu ia ficar lá. Ele teve aquele negócio chamado fogo selvagem, ele sofreu muito coitado morreu daquilo. Lá nos Barris, logo ali virando. Mas conheci muito Tio Luiz e tia Ceci. Tia Ceci morreu tambémeu não sabia, depois que eu fiquei sabendo. Ela era mais ligada a família Régis.

Entrevistador-  Quanto filhos, primos como Régis era primo, Doutor Luiz tinha outros filhos?

Entrevistada- Aí não é do meu conhecimento, aí era coisa dele particular não chegou ao meu conhecimento não. Mas o povo tinha muito isso né respeitava, não passava para os menores não. Nós éramos criados assim, se chegasse uma visita a gente perdia licença e não sabia de nada. Hoje menino toma conhecimento de tudo. Esse moço aí da Loja vende boneca, menina hoje não quer mais saber de brincar de boneca. Ele vai perder tempo coitado, o negócio mudou muito. A maneira de criar, de tudo está mudado. Aquele respeito, aquela consideração são palavras esquecidas. Eu aqui mesmo em Santo Amaro, só tenho de parente meu filho Virgílio né, e outro que vem de Salvador, mora lá tem família lá, agora Virgílio mora aqui. Mas, não tenho mas parente nenhum, nenhum, nenhum aqui. Tem uma prima minha, filha de Seu Agenor, irmão de meu pai, foi diretor da (Guarda) Santamarense muitos anos, mas morreu.  Casaram-se a esposa dele também morreu Dona Dulce. Dulcenor era advogada, depois veio e casou com Mário meu irmão, a primeira esposa de Mário faleceu queimou em negócio de fogão o cabelo pegou foi uma queimadura, eu estava menina não me lembro. Eu sei que depois com o tempo, Mario se encantou com a prima e casaram.

Um dia me apareceram aqui, ela querendo que eu desse, ela é Advogada querendo que eu desse uma procuração a ela, para ela resolver && logo. Eu disse negativo, primeiro porque eu não sou ignorante não vou lidar, segundo meu esposo não está aqui, meus filhos são pequenos documento nenhum você vai receber meu. Ela também, desceu a escada me deu até logo foi embora, e nunca mais veio aqui. Terminou Mário meu irmão morrendo, nós todos formos para o sepultamento dele aqui na Rua Direita, Américo meu irmão veio. Ela não tomou mais conhecimento da gente ficou morando aí, virou advogada; depois saiu da religião católica e se meteu numa igreja que tem aqui, com pouco tento também faleceu. Quando eu recebi a notícia eu estava em Salvador já com problema de coluna, aí eu vim receber a notícia acho que tem uns seis anos que ela morreu. Não falava, não cumprimentava ninguém.

Entrevistador- A senhora, quando estávamos conversando com as meninas (Socorro e Edna), a senhora falou alguma coisa sobre a partilha, a divisão da herança.

Entrevistada-   Não, eu não sei nada. Eu sei que aqui ficou para nós todas, as legítimas aqui a casa ninguém tem parte. Lá em Terra Nova, ficou para os homens, Arthur, Américo, Mário e João, a casa com tudo que tinha que não ia se tirar né, o que fizeram ou deixaram de fazer moço eu não sei. Eu só sei pelo auto, por que deu para vim aqui um Senhor, que eu não conhecia nem nada, dizia ser afilhado de uma senhora que foi empregada, que foi auxiliar da gente lá em Terra Nova D. Lina. Ele disse que estudava, que foi para o seminário, mas não pode ser padre tava aqui. Mas vinha de vez em quando me pedir dinheiro do transporte, meu filho disse não, um homem desse, não seja boba não, não dei não. Eu dei umas seis vezes, ele tomava um cafezinho e saia, depois me apareceu pedindo um retrato de minha tia, porque ia ter a festa do Rio Fundo, não sei quantos anos fazia a igreja do Rio Fundo. Ela foi a primeira presidenta da Irmandade do Coração de Jesus do Rio Fundo é só o que eu sei, dito por ele. Resultado aconteceu ele diz que casou, ia trazer a esposa aqui nunca trouxe nunca vi. Depois disse que veio estudar aqui, na faculdade queria um dia pra eu dá dinheiro pra ele voltar de noite, eu disse que não, eu não tenho não posso fornecer dinheiro, não sou banco, brincando com ele. Ele vinha sentava, tomava um cafezinho e saia ia embora, se dava muito com a família que mora ali defronte D. Judith, eu não sei se ele…

[ Essa pessoa não é a mesma do diálogo acima]

Ele tomou muita amizade com Viraldo (Viraldo Sena), Viraldo era uma pessoa, não era por ser meu esposo não, mas era uma pessoa muito suave acomodava tudo. Ele ofereceu ao meu esposo, uma caneta de ouro pra assinar o nosso casamento. Você vai assinar com essa caneta e a filha de Dr. Américo, porque aquilo era um homem, você vai levar uma filha, você veja a responsabilidade viu Viraldo que você vai levando viu. Viraldo riu, achou tanta graça nele, eu tenho a caneta guardada, guardei a caneta mostrei aos meus filhos guardei, mandei botar lá no cofre, tá lá guardada. Seu Aurélio Cerqueira, ele tinha uns irmãos Antônio, mas eu não conheci muito não.

Entrevistador- A Senhora também falou uma coisa aqui, eu anotei aqui pra ver se a Senhora lembra ou já ouviu falar. Porque só uma pessoa me falou sobre isso, ele disse que estudava com D. Lulu, ele me disse que assinava na escola Terra Nova da Pojuca. Então ele dizia que tinha Terra Nova da Pojuca e Terra Nova não sei se era Terra Nova Velha ou Terra Nova dos Pacheco?

Entrevistada- Era, botaram esse apelido de Terra Nova Velha, mas não era isso não. Né verdade isso não. A Pojuca era Pojuca da ponte grande de ferro pra lá era Pojuca, era um arraialzinho onde tinha um ponto do trem parar. Agora a estação já era cá no terreno da gente, a Usina ali. Me  tinha a estrada de baixo, que passava a ponte baixa que a gente ia a cavalo.

Que tinha o filho de Tio Chiquito José Romário, que casou com Gênita a filha de tio José, mas não viveram não. Ele foi viver com a filha de uma moça que chegou lá da família Câmara, de Chiquinho Câmara, D. Alice uma pessoa muito boa, ela veio morar com ele ali defronte; quando eu me casei eu fui morar em um apartamento de  Seu Isaías Benevides, tinha a padaria, ele um dia brincando comigo: quando é que vai casar? Eu tou procurando casa, mas D. Iná não que você saia de lá, eu disse quem casa, quer casa. Eu quero ter minha casa, aí ele me disse, estou fazendo esse edificiozinho aqui, ali defronte a Cesta do Povo, o apartamento de cima vai ser seu. Quando ficou pronto, ele veio disse a Santanita.  Santanita a filha de Daú, irmã de Flores, esposa de meu irmão, Santanita está pronto o apartamento, diga a Piedade que ele já pode marcar a data do casamento, mas Viraldo. Toda && aí nós formos pra lá.

Entrevistador -Agora veja bem, ainda é sobre o nome de Terra Nova, eu só quero saber o seguinte se havia essa distinção chamando Terra Nova do Pojuca e Terra Nova dos Pacheco?

Entrevistada- Não. Não existia isso não, nunca existiu isso. Terra Nova de Doutor Américo Pacheco Pereira, só até a Pojuca. A Pojuca eu não sei nem a quem pertencia. Agora a linha da estrada de ferro tinha um desvio que ia lá pro lado dessa Fazenda Dornel. Meu pai vendeu essa Fazenda, não tinha nada Seu Arnaldo, já tinha perdido D. Alice não ficava, mas lá, ficava cá na casa de Tio Roque. Então meu pai vendeu essa fazenda. A herança de meu pai, nós só tivemos, um dinheiro foi tão grande que ele dividiu assim com a gente.

Aí meu Deus do Ceú é História viu….

Salvador, 08 – 14 de Março de 2020.

(Mateus Luna/ Viraldo)

Dia 21 de novembro de 2021 – Faleceu dona Piedade Pacheco, filha de Doutor Américo Pacheco Pereira, irmã de Artur Pacheco, mulher de Viraldo Sena, pessoa simpática com quem há alguns anos atrás, conversamos longamente. Foi enterrada ontem em Santo Amaro.

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