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DEMOLIÇÃO DA IGREJA DA SÉ; TEM CERTAS COISAS QUE NÃO SEI DIZER; BEM-TE-VI

Escrito por Viraldo B. Ribeiro
Sáb, 16 de Maio de 2009 11:31

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Número 29 – Edição 01 – Terra Nova, Outubro 2003
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DEMOLIÇÃO DA IGREJA DA SÉ

Tarde Ano I Número 1 Bahia, 15 de outubro de 1912

demoliçãoBangüê guarda nos seus arquivo , o primeiro número do jornal A Tarde, que saiu como encarte da edição n. 23.04.04
“A Igreja da Ajuda Recordações da sua história antiga”.

“O que nos diz o ilustre historiografo Sr. Theodoro Sampaio sobre a ‘Sé de Palha’ os usos e costumes do tempo […] Com a demolição da velha igreja da Ajuda que ora se inicia, não há de negar que o patrimônio histórico da cidade perdendo um dos seus monumentos antigos.
Não é sem pena para os corações bem formados a grande mágoa para os que, prudente se inspiraram no passado, ver por terra, destruídos, esses muros, mais de uma vez renovados, no mesmo sítio, em que dormem o som no derradeiro os próceres das nossas gerações antigas e que foram, por quase quatro séculos, as testemunhas confidentes das nossas glorias e dos nossos desfalecimentos.
A igreja, como construção, bem se vê que não é um primor de arte e nem como arte é que lhe deploram a ruína os corações patrióticos; é, sim, como uma testemunha eloqüente a desaparecer, que a Historia reclama.
No âmbito pequenino do acampamento que, ao começar, foi, em verdade, esta cidade do Salvador, nessa fortaleza e povoação grande e forte como a ideou o rei que a mandou fundar, a primitiva igreja da Ajuda era, sem dúvida alguma, a testemunha maior da civilização que se iniciou pela fundação da metrópole primeira da América Portuguesa.
Pequenina e tosca embora, humilde no seu tecto de palha entre outros tectos não menos humildes, as paredes de taipa de mão, o chão apenas batido por único pavimento, o altar tão simples, tão despido, n’uma quase nudez que as flores silvestres e as plantas colhidas no desbravar do campo apenas disfarçam a imagem da Virgem, da invocação de Nossa Senhora da Ajuda, retirada da nau desse nome e para ahí transportada em festa, ao calor da fé do amor de todo o pequeno povo imigrado, essa igreja da Ajuda, como sanctuário único dentro dos muros da nova cidade[…] É bem verdade que a igreja de hoje já não é a mesma de outrora, nos seus materiais e na sua forma[…] Sim. A igreja renovou-se mais de uma vez. Foi primeiro uma Sé, e Sé de palha, porque sob os seus tectos ainda feitos de palmas, assentou a sua cáthedra o primeiro bispo, d.Pedro Sardinha, e ainda hoje, com essa mesma designação de Sé de palha, que recorda a humildade de sua origem, é que o povo desta terra a conhece e costuma de assim, nas priscas eras, uma idade vetustíssima.”

TEM CERTAS COISAS QUE NÃO SEI DIZER

foto1O Bangüê tem agradado, tanto a sua versão jornal como sua apresentação na internet, através site bangue.com.br. As pessoas se manifestam de uma maneira simpática, com sugestões. Ter colocado o jornal na internet, com certeza, facilitou o acesso das pessoas.
As manifestações têm sido, na grande maioria, pessoalmente, entretanto, chega-se mensagens via e-mail. Numa dessas mensagens, um internauta informou que esteve em Terra Nova, olhando-a pelo olho do Bangüê. Disse que fez o passeio observando mais os canaviais e o massapê; fotografou as ruínas da matriz de Rio Fundo, o Chalé, o Escritório da Usina; disse que passou por todas as ruas, cujas fotos estavam no jornal, como Caípe, Quinta Feira; disse que atravessou pela ponte para ver o rio, e que sentou na praça e conversou com as pessoas; parou na cabeceira da ponte e ficou, olhando o bueiro e a área onde foi a usina, imaginando-a em plena moagem, o movimento das pessoas, das locomotivas, vagões vazios e carregados de canas, carro de boi e burros com cana, pra lá e pra cá. Sua viagem no tempo levou-o, também, ao Caminho-Sem-Fim onde as canas eram trituradas; olhando lá pra cima do bueiro, viu a alegria da fumaça que libertada da madeira se espalhava no céu.
Disse também da grande surpresa do estado da rodovia, esperava encontra os seus 14 ou 15 quilômetros com buracos, mas estava perfeita. Percebeu que o município se preparava para o futuro, com as fábricas, escolas, quadras esportivas, ali substituindo a usina.
Como era dia de domingo, e não gosta de comprar no sábado à noite A Tarde “domingo-mais-cedo”, saiu de salvador sem o jornal. (Tem importância não, compro quando chegar em Terra Nova, pensou ele).
Na sua conversa na praça, disseram: “aqui não chega jornal”. Tomei um susto danado, quase caí de costa, disse ele. E continuou: e o povo, os professores e alunos, como se informam, como adquirem o hábito de ler, onde os estudantes pesquisam, acumulam conhecimentos, como aumentam o vocabulário? Como redigem cartas, relatórios?

TRIBUNA DA BAHIA ANO I NÚMERO 1

Tribuna da Bahia Ano I Salvador Ba., Terça-feira, 21 de outubro de 1969 N. 1
“Milhares de políticos se tornaram inelegíveis, em todo o País, em conseqüência da reforma da Constituição. A nova carta constitucional outorgada pelos ministros militares declara que são inelegíveis os que tenham exercido os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Governador de Estado, Prefeito e Vice-Prefeito de município. Estabelecimento da inelegibilidade atinge a mais de sete mil pessoas, em todo o País”.
Política Nacional
Duzentos deputados e senadores já estavam em Brasília, ontem à noite à espera da reabertura do Congresso Nacional, amanhã[…] Ontem à noite, em Brasília, a direção da ARENA informou que o partido está pronto para votar, ‘com entusiasmo’ , no General Médici […] Do lado do MDB não se sabe como se comportarão seus deputados.[…] alguns deputados emedebistas mostram-se dispostos a votar no General Médice […] Os dirigentes mais intransigentes do MDB querem adotar uma posição radical, vacilando entre abandonar o plenário no momento da eleição e votar maciçamente contra”.

BEM-TE-VI

bemteviBem-te-vi
Lá na rua os bem-te-vis instalaram seu quartel general/
Não que eles tenham imitado as rolinhas e tomaram conta do pedaço/
Não que eles façam como elas ninho em qualquer lugar/
Nas varandas, no oitão das casas, nos fícus/
Qualquer lugar que lhes escondam os olhos/
Mas eles, eles fizeram de lá seu campo de picula/
Sem dar intimidade como as rolinhas/
E é o dia todo: bem te vi…/
Um se esconde do outro, um grita de lá e outro de lá/
Bem-te-vi…bem-te-vi/
A brincadeira é só de dois, mas são muitos pares/
E ninguém denuncia ninguém/
Bem-te-vi! bem-te-vi/

E quando se descobre o esconderijo, é aquela algazarra/
Dá um, dois… bem te vi bem forte, voando até o esconderijo/
E defronte um do outro batendo as asas:ti vi…ti vi/

Batendo as asas como as lavandeiras defronte da outra/
Ti vi! ti vi! Ti! vi!
Bem-te-vi, se congratulam, dão uma volta, dão um tempo/
E tudo de novo: bem-te-vi/

O dia todo. Se a comida é farta e está perto, nem! nem!/
Só se tiver filhote no ninho, mesmo assim entre uma busca e outra/
Bem-te-vi!
Ou se tiver ninhando, mesmo assim o namoro é na base do/
Bem-te-vi!

É isso todo dia, tarde adentro, boquinha da noite/
Bem-te-vi, ti vi, vôos rasantes, asas batendo modo das lavandeiras/
Meia volta, um tempinho e:
Bem-te-vi! bem-te-vi/

Outro dia, já noite começada e…bem-te-vi!… lá no galho mais alto/
Será que maluquice!
No Jardim Atalaia a luz já brilhava nos postes/
Ou o outro fazendo troça,
Já empoleirado pra dormir escondido
Gritou bem-te-vi?

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