FREGUESIA DE RIO FUNDO
Escrito por Viraldo B. Ribeiro
Sáb, 16 de Maio de 2009 16:59
Notícia sobre a , no Arcebispado da Bahia, pelo Vigário Manoel Lobo de Souza (1757)
Arquivo Público – Guia se Secção Colonial e Provincial Livro 609 páginas 90 a 93.
Foi esta Freguesia ereta no ano de 1718, desmembrada da Freguesia de Nossa Senhora do Monte e da Nossa Senhora da Purificação da Vila de Santo Amaro. Está sita em um lugar fúnebre, e falto de águas. Parte com sete Freguesias: pela Sergipe do Conde e Nossa Senhora da Purificação da Vila de Santo Amaro, no sul; e pela parte Norte com a Freguesia do Espírito Santo de Inhambupe de Cima e a de S. José de Itapororocas; e pela parte do Este com a de N. Senhora de Oliveira dos Campinhos. (pelo leste com São Sebastião das Cabaceiras do Passé e com N. Senhora do Monte do Recôncavo). Têm de comprido seis léguas e de longo cinco, distante da cidade da Bahia dezesseis léguas. Tem 474 fogos com 4.252 almas, das quais a maior parte escravos; destes 3819 são de confissão e comunhão e 433 só de confissão.
Têm esta Freguesia sete capelas anexas a saber: a de Santo Antonio, S. Gonçalo do Camorogipe, Nossa Senhora do Bom Jardim, São Pedro, Nossa Senhora de Brotas, Nossa Senhora do Amparo, Nossa Senhora do Rosário, S. Caetano das Religiosas do Patriarcaa São Bento,(…administram-se os Sacramentos dos…mesmos pároco, há mais três Oratórios… particulares com Breve Pontifício…)
Nos Termos desta Freguesia estão os seguintes rios: Pojuca, que nasce nos dilatados campos da Vila da Cachoeira, Freguesia de S. José das Itapororocas, frente à capela de Santa Bárbara, em um Sítio chamado Campo Limpo de humilde vertente e vai fazer barra ao mar da Freguesia de Santo Amaro de Ipitanga; Camorogipe abundante de água que nasce no continente desta Freguesia no Sítio chamado de Estaleiro e entrega as suas águas no rio Pojuca junto ao engenho Aramaré; Salgado que nasce no Sitio chamado Picado e faz barra no rio Pojuca junto ao Engenho Velho; Rio da Prata que nasce no território desta Freguesia, no Sitio chamado Fazenda Grande, e entrega suas cristalinas águas no rio Cahupu; Jacuípe que nasce no termo da Freguesia de N. Senhora de Oliveira e vai fazer barra no mar da Freguesia de Santo Amaro de Ipitanga; Rio das Pedras que nasce no distrito desta Freguesia nas matas do Tombadouro e faz barra no rio Jacuípe no Sitio do engenho chamado Brito; Rio Fundo que nasce no engenho Buraco desta Freguesia e é tão humilde que qualquer verão se extingue as suas águas, faz barra no rio Jacuípe no distrito da freguesia de São Gonçalo da Vila de São Francisco de Sergipe do Conde. Nenhum desses rios é nesta Freguesia navegável de barcas, lanchas e canoas, exceto o rio Pojuca e Camorogipe, que nos invernos chuvosos, em certas ocasiões de suas enchentes, impedem a passar e se necessita de canoa.
Tem esta Freguesia quinze engenhos a saber; correndo o rumo Sul a Norte os seguintes: o engenho Buraco, por este passa o Rio Fundo; e em distância de duas quartas de meia léguas, o do Pandalonga; e distante destes três quartas de meia légua o de Santo Antonio; e em distância deste um quarto de meia légua, o do Pernagoá, junto a este engenho está situada a igreja da Matriz; e distante meia légua, e engenho Terra Nova; e distante deste um quarto de légua, do Aramaré pelo qual passa o rio Pojuca; distante deste meia légua o do Papagaio; e na distância de uma légua, o do Camorogipe pelo qual passa o rio Camorogipe e que lhe dá o nome; e distante deste uma légua o do Bom Jardim por onde passa o rio Camorogipe. E desta Matriz correndo nesse distrito de Leste a Este estão os seguintes: em distância de meia légua o engenho Brito por onde passa o rio das Pedras; o do Jacuípe unindo a ele e pr ambos passa o rio Jacuípe e dá o nome a este; e distante deste meia légua o do Inhatá das religiosas do Patriarca de São Bento; e na distância de uma légua deste o de Nossa Senhora de Brotas.
Estas são as maiores povoações de se compõe esta Freguesia porque, além de trabalharem nesta oficina do Açúcar quantidade de escravos e oficiais forros, são os senhores deles ordinariamente pessoas distintas, e há também muitos lavradores que plantam cana para moerem nos tais engenhos tirando sua meação como é de costume. E justo que viviam muitos deles em suas fazendas fazem um só corpo com o mesmo engenho.
Há mais nesta Freguesia trinta e seis Sítios, que por humilde não meação nomes, pois neles habitam um até quatro vizinhos os vivem de plantar tabacos e mandiocas para venderem farinha, e também se não pode fazer distinção certa de um a outro sítio, porque a instante se mudam os seus moradores, ou por cansarem as terras, ou por perseguirem formigas.
Transcrito em julho/2002.
Viraldo
IPAC –
(Dados mais Recente)
Igreja São Pedro do Rio Fundo ( dados do IPAC)
Nota de rodapé: Copilado por Equipe PPH/CFT Data agosto/77
Conferido por Esterzilda B. de Azevedo Data Maio/78
Revisto por Paulo O.D. de Azevedo Data Maio/78
Antiga matriz de relevante interesse arquitetônico., reformada no ano de 1909. Situa-se em posição elevada, em meio da pequena vila de Rio Fundo’’(hoje distrito de Terra Nova). “Do lado esquerdo da igreja está situada a praça… e, à direita o cemitério. A topografia cai abruptamente em frente á igreja permitindo uma visão dos extensos canaviais”
Avista-se também, lá de cima, o leito onde passou por muito tempo as linhas do Ferrovia de Santo Amaro. Existia próximo á linha, um imóvel (Parada)para quem chegava ou partia de Rio Fundo.
DISCRIÇÃO
“Antiga matriz de relevante interesse arquitetônico, reformada no inicio do século (sec.XIX). Apresenta planta de três naves, recoberta por telhado de duas águas..Suas torres nunca foram concluídas. A fachada principal apresenta três portas e cinco janelas de coro e está dividida em três pilastras. Os corpos coroados por frontões recortados e singelos. Os dois laterais apresentam nicho de servem de arremate às torres inconclusas. Os vãos da fachada principal possuem Vargas em arco pleno, enquanto as demais fachadas preservam os vãos originais, com verga em arco abatido.O interior é simples com altares de inicio do século. As naves e sacristias ainda mantêm pisos de barro cozido.Muito interessante é o acesso ao coro e sinaleira. Na nave existe lápide sepulcral do vigário José Teles de Menezes, falecido em abril de 1880, e na fachada uma placa comemorativa da ‘reconstrução’ da igreja feita, em 1908. Dentro as imagens, destacam-se as de S. Pedro, N.Sra. das Dores (roca),Conceição, Rosário,Carmo, Sr. Morto (t. natural), Santana. S. Antonio, S. Roque e um Crucificado. A igreja possui ainda dois sinos de bronze.”
DADOS TIPOLOGICOS
“Igreja matriz, provavelmente da segunda metade do século XVIII, reformada no inicio do atual. Sua planta primitiva era do tipo comum nas matrizes do século XVIII, isto é, nave única com corredores laterais
superpostos por tribunas. Reforma de 1908 converteu-a em três naves. Transformações deste tipo atingiram outras igrejas baianas por influencia do neo-gótico que reviveu as três naves abandonadas com a Contra-Reforma. Na maioria dos casos, estas transformações se fizeram com aberturas de arcos nas paredes da nave. Na igreja de S. Pedro as duas paredes limítrofes da nave com os corredores foram totalmente demolidas e substituídas por pilares. Também o telhado do corpo central foi rebaixado para poder acompanhar os laterais. Provavelmente, na mesma época, os vãos da fachada principal tiveram suas vergas abauladas substituídas por arcos planos por influencia tardia do Neo-Clássico.”
HISTOCICO ARQUITETÔNICO
“Não há referencia à época da construção desta igreja mas por suas características tipológicas parece trata-se de uma construção da segunda metade do século VXIII. Certo é que sofreu uma grande reforma, ou ‘reconstrução’ em 1908 realizada pelo vigário Pe. Liberato Ferreira de Goes Bittencourt, segundo placa comemorativa existente na mesma”.
“1973 – São feitos reparos gerais e limpeza, quando foi revisto todo o telhado”.
No ano de 1977, quando foi feito, pelo IPAC- Inventario de Proteção do Acervo Cultural, o levantamento da situação da igreja, o estado da mesma foi classificado Satisfatório. Também constou “Proteção Proposta: Tombamento Estadual.”
Sobre o ano de construção da igreja de S. Pedro do Rio Fundo, além da época referida á cima (segunda metade do sec. VXII), temos outra informação no relatório do Vigário Manoel Lobo de Souza (1757), sobre a Freguesia de São Pedro do Rio fundo.
Arquivo Público – Guia se Secção Colonial e Provincial Livro 609 páginas 90 a 93:
“Foi esta Freguesia ereta no ano de 1718, desmembrada da Freguesia de Nossa Senhora do Monte e da Nossa Senhora da Purificação da Vila de Santo Amaro”.
A igreja hoje é uma ruína: paredes em processo avançado de deterioração e sem telhado.
Entretanto vale salientar o trabalho que vem sendo feito pela comunidade dom o objetivo de recuperar o patrimônio. Duas Capelas situadas na parte do fundo da igreja onde se celebra missa.
O ideal é que o município tornasse a matriz um Patrimônio Municipal.
(Trabalhado pelo Bangüê em maio de 2009)