FREGUESIA DE S. AMARO; A FORÇA DA FEIRA; SÃO PEDRO DO RIO FUNDO

Escrito por Viraldo B. Ribeiro
Sáb, 16 de Maio de 2009 08:59

samaroArquivo Público – Guia de Secção Colonial e Provincial Livro 609 páginas 57/58.Relação da Freguesia de Nossa Senhora da Purificação de Santo Amaro do Recôncavo da Bahia pelo Vigário José Nogueira da Silva (1704).

“Teve esta freguesia sua primeira Igreja Matriz no Sitio de Engenho do Conde de Linhares fundado na margem do Rio Sergipe e por esta razão se intitulava naquele tempo com o nome de Nossa Senhora da Purificação de Sergipe do Conde. Como o dito sitio não era conveniente, no ano de 1704, meia légua rio acima, se fundou nova Matriz em um sitio chamado Santo Amaro por haver nele uma capela consagrada ao mesmo Santo e uma pequena povoação de alguns vizinhos, ficando a nova matriz distante da capela também rio acima um tiro de peça. Cresceu esta povoação pela grande conveniência que neste Sitio tinham os seus moradores, por ser abundante de carne, pescado, farinha e todo gênero de legumes, e por haver nele três engenhos de fabricar açúcar, de que hoje se descobrem algumas ruínas, e por ser também grande a comunicação para os Engenhos da Mata do Trarípe e Subaé. Todos conduzem os seus feitos para o deste Sitio por ser a porta de mar mais conveniente, com Trapiche para as caixas, e com muitas embarcações que no rio navegam.

Igreja N. Senhora do Rosário

“Pela decadência dos tempos, não podendo os Fregueses pôr esta Matriz na sua última perfeição, recorreram a S. Majestade para que fosse servido de lhes mandar uma esmola, com que a pudessem acabar, e foi o dito Senhor por sua Real Grandeza servido de lhe mandar dar doze mil cruzados que se despenderam na feitura de um grande retábulo de talha para a Capela Mor, grades de jacarandá de talha para corpo da igreja e seu coro, e nas portas da mesma Matriz; e tudo ficou na ultima preparação.

E como o dito Senhor mandou dar a referida esmola com denegação de se lhe pedir outra, se acha o retábulo por dourar, e a mesma igreja forrar para o que não podem concorrer os Paroquianos pela impossibilidade dos tempos presentes.

“Há esta Matriz, templo majestoso pela sua magnificência porque na sua grandeza compete com a Freguesia de S. Bartolomeu de Maragogipe, e excede a todas as mais Matrizes do Arcebispado, e ainda as da Cidade da Bahia, e, se for mais agradável, por fazer frente a uma praça que tem no largo quarenta braças e mais sessenta de comprido; armado de uma e outra parte de casas, além das que há por outras ruas, em que habitam os moradores.Tem na frente três portas principais, além de duas travessas que tem para um outro lado, todos com portadas, remates de pedra mármore, com janelas e semelhas da mesma pedra, e da parte de dentro se sustenta o coro sobre duas colunas também de mármore de singular artifício, servindo de base a cada uma delas as pias de água benta fabricadas com primorosa arquitetura. Tudo mandaram buscar os Fregueses daquele tempo a Lisboa que com despesas suas fizeram esta majestosa Matriz.”

A FORÇA DA FEIRA

yyyyOs povoados, as vilas, tiveram sempre as feiras como seus núcleos propulsores. Foi com uma terceira força no Brasil Colonial. Nenhuma outra teve essa capacidade, pois sua base foi a espontaneidade.

Primeiro a força imposta do capital, centrada no engenho, pelo Senhor; depois a força da fé, da moral religiosa, ungida na igreja pelo Vigário; a força espontânea da Feira, ditada pelo povoado, para atender as necessidades básicas, com o jogo demanda/oferta

“A primeira vila foi a de S. Francisco da Barra do Rio Sergipe do Conde. Formou-se em terras do herdeiro de Mem de Sá, dom Fernando de Noronha, 3º conde de Linhares. Igual a outras vilas, também esta se originou da feira semanal armada em torno da primitiva capela do engenho.”História da Bahia, de Luiz Henrique D. Tavares.

Em Cartas Baianas, de Antonio O. França, está no pedido para uma feira no engenho Aramaré, em 1819, constata-se a existência de uma feira, a de Capuame ( constante na pág. 185 do livro Mem de Sá) e um mercado irregular de Sant’Ana dos Olhos D’Agua (Feira de Santana).

O desejo do Bangüê, quando começou a folhear esse Livro, era que os locais citados nos relatórios, hoje elevados a município e distritos recolhessem essas informações, para os acervos dos diversos órgãos, transformando-as em fonte de pesquisa das escolas e da comunidade. Seria uma forma de incentivo para estudantes e educadores no resgate da história dos seus predecessores.

SÃO PEDRO DO RIO FUNDO

Noticia sobre a Freguesia de S. Pedro de Itararipe e Rio Fundo, no Arcebispado da Bahia, pelo Vigário Manoel Lobo de Sousa (1757)

Relatório do Arquivo Publico da Bahia, Guia de Secção Colonial e Provincial Livro 609 páginas 90 a 93.

 

yyyyyFoi esta Freguesia ereta no ano de 1718, desmembrada da Freguesia de Nossa Senhora do Monte e da Nossa Senhora da Purificação da Vila de Santo Amaro. Está sita em um lugar fúnebre, e falto de águas. Parte com sete Freguesias: pela Sergipe do Conde e Nossa Senhora da Purificação da Vila de Santo Amaro, no sul; e pela parte Norte com a Freguesia do Espírito Santo de Inhambupe de Cima e a de S. José de Itaporocas; e pela parte do Este com a de N. Senhora de Oliveira dos Campinhos. (Pelo leste com São Sebastião das Cabaceiras do Passé e com N. Senhora do Monte do Recôncavo). Tem de comprida seis léguas e de longo cinco, distante da cidade da Bahia dezesseis léguas. Tem 474 fogos com 4.252 almas, das quais a maior parte escravo; destes 3319 são de confissão e comunhão e 433 só de confissão. Tem esta Freguesia sete capelas anexas a saber: a de Santo Antonio, S. Gonçalo do Camorogipe, Nossa Senhora da do Bom Jardim, S. Pedro, Nossa Senhora de Brotas, Nossa Senhora do Amparo, Nossa Senhora do Rosário, S. Caetano das Religiosas do Patriarca São Bento.

Nos termos desta Freguesia estão os seguintes rios: Pojuca, que nasce nos dilatados campos da Vila da Cachoeira Freguesia de S. José dos Itapororocas, frente a capela de Santa Bárbara, em um Sitio chamado Campo Limpo de uma humilde vertente, vai fazer barra ao mar na Freguesia de Santo Amaro de Ipitanga; Camorogipe abundante de água que nasce no continente desta Freguesia no Sitio chamado de Estaleiro, e entrega as suas águas no rio Pojuca junto ao engenho Aramaré; Salgado que nasce no sitio chamado Picado e faz barra no rio Pojuca junto ao Engenho Velho; Rio da Prata que nasce no território desta Freguesia no Sitio chamado Fazenda Grande, e entrega suas cristalinas águas no rio Cahupu; Jacuipe que nasce no termo da Freguesia de N. Senhora de Oliveira e vai fazer barra no mar na freguesia de Santo Amaro de Ipitanga; Rio das Pedras que nasce no distrito desta Freguesia nas matas do Tombadouro e faz barra no rio Jacuipe no Sitio do engenho chamado do Brito; Rio Fundo que nasce no Engenho Buraco desta Freguesia, e é tão humilde que em qualquer verão se extinguem as suas águas, faz barra no rio Jacuipe no distrito da Freguesia de São Gonçalo da Vila de São Francisco de Sergipe do Conde. Nenhum desses rios é nesta Freguesia navegável de barcas, lanchas e canoas, exceto o rio Pojuca e Camorogipe, que nos invernos chuvosos em certas ocasiões de suas enchentes, impedem a passar e se necessita de canoa.

ENGENHO ROÇADO

Tem esta Freguesia quinze engenhos a saber; correndo o rumo Sul a Norte os seguintes: o engenho Buraco, por este passa o Rio Fundo; e em distância de duas quartas de meia légua, o do Pandalonga; e distante destes três quartas de meia légua o de Santo Antonio; e em distancia deste um quarto de meia légua, o do Pernagoá, junto a este engenho esta situada a igreja da Matriz; e distante meia légua, o engenho Terra Nova; e distante deste um quarto de légua, o do Aramaré pelo qual passa o rio Pojuca; distante deste meia légua o do Papagaio; e na distancia de uma légua, o do Camorogipe pelo qual passa o rio Camorogipe e lhe dá o nome; e distante deste meia legua o do Jacu; e distante deste uma légua o do Bom Jardim por onde passa o rio Camorogipe. E desta Matriz correndo nesse distrito de Leste a Este estão os seguintes: em distancia e meia légua o engenho Brito por onde passa o rio das Pedras; o do Jacuipe unido a ele e por ambos passa o rio Jacuipe e dá o nome a este; e distante deste meia légua o do San Pedro por onde passa também o rio Jacuipe; e distante deste meia légua o do Inhatá das religiosas do Patriarca de São Bento; e na distancia de uma légua deste o de Nossa Senhora das Brotas.

MAR DA PISTA

Ok! Ok! Decodificando mensagem/

“solidão com janela de frente pro mar”

Rebobinando!

Faz tempo a precisão / De trem

O Cachoeira.

Baldeio em Buranhem / Tempo do

menino / Terra Nova pra Bahia / uma

Festa!

Fazer volta do tempo / Do trem

Debruçar na janela / E ver de Mapele/

De Água Comprida

O mar! / Olhe o mar! / Olhar o mar / Vê

o mar / Vou ir olhar o mar

Beleza / Tv plugou depois / Não tirou

onda / Não rolou na roça/ Ficou o

encanto

Vê o mar / Primeiro mar / Primeira vez

Mapele, Água Comprida

O trem partiu / Não é mais Bahia/

Virou Salvador / Mas o mar ta lá.

Da três dois quatro / Ainda vejo / Não

ficou no canto / E vou botar / Nas

ramagens do mangue / Janela

Pra mão no queixo /

de frente pro mar

Pro mar.

Viraldo Ribeiro

Viraldo

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