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O ENCONTRO DO DESENCONTRO E A EDUCAÇÃO; MEU NOME É ZÉ; INÍCIO DA ESCRAVIDÃO

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Número 46 – Edição 01 – Terra Nova fevereiro 2005

O ENCONTRO DO DESENCONTRO E A EDUCAÇÃO

Parece titulo de cordel de Cuíca de Santo Amaro, do tipo:
A mulher que virava lobisomem, sexta feira lua cheia
Mas não. São os tropeços no ABC.
Os desencontros da escola do aluno e da família.
Passarela do Iguatemi Salvador, uma hora qualquer do dia.
De um lado a estação rodoviária; do outro lado o Shoping Iguatemi; por baixo um rio, ora cheio ora vazio mas sempre sujo, leva suas águas para o mar ali adiante.
Atravessando para o lado de lá, fazendo parte daquele mundo de gente, um garotinho de dois ou três anos, segurando as mãos dos pais.
– Pai olhe a praia, olhava para traz e para baixo sua praia desaparecendo.
– Eh! respondeu, é a praia
(Apois muita insistência) sem prestar atenção.
E lá se iam os três: o menino vibrando
Com sua descoberta, pai e mãe
Comentando, quem sabe, a conta da água,
da luz ou talvez o capitulo da novela.
O ímpeto era de se meter entre os três;
Na conversa dos dois. Derivar o assunto para a curiosidade da criança: Pai ali é praia?
– Vocês têm que dá mais atenção para o
que ele disse! Ele quer se comunicar
Com gente grande.
Vocês tem que explicar o que realmente
É isso! Não importa se vocês pensam
Que ele não entenderá que ali é um rio,
Tem água mais não é praia.
O pouco que ele retenha no seu cérebro
será verdadeiro.
É assim que vai retendo novas palavras,
vai adquirindo conhecimentos.
Em qualquer município da Bahia onde houver
Adversidade minima entre representantes
Ex-representante do estado ou do município,
gera disputa de estatísticas, verbas, poder,
Refletindo negativamente na educação.

MEU NOME É ZÉ

(HISTÓRIA DO MASSAPÊ))
Meu nome é Zé

Quem é esse cabra que vejo
Toda vez que chego
Na rua, no Caípe ou no caminho?

Vasilhames de plástico nas mãos
Com água ou vazios, depende da direção
Azul um o outro vermelho.

Quem é esse preto de cara alegre,
Ou será que é triste,
Triste de cabeça em pé?
Meu nome é Zé.

Quem é esse homem, com jeito de doido
Bafo de cachaça de ontem
Mas que já tomou uma hoje?
Meu nome é Zé

Trabalhei na Petrobrás
O senhor me dá um real, um reau!
Isso que está escrito ai, conheci de perto,
Rio de Janeiro, Campos, Vitória…
Onde tinha petróleo eu tava lá
Me empreste essa Veja!
Meu nome é Zé

Não tenho aposentadoria não!
Fiquei doente da cabeça…
Você me dá essa revista
Pra eu ler em casa?
(Pediu lendo corrido)
Meu rádio quebrou!
Gosto daqui do Bangüê!

Quando se conhece a história
Individuo vira pessoa
Pessoa vira cidadão

Meu nome é Zé.

Viraldo.

INÍCIO DA ESCRAVIDÃO

escravidao2Já em outro momento o Bangüê reportou-se sobre o inicio da escravização dos negros, para serem utilizados na industrialização da cana de açúcar na Bahia, inclusive apontando as principais razões para que o marco inicial fosse o ano de 1570.
Entre as razões apontadas estavam inaptidões dos índios tanto ao trabalho sujeitos á disciplina, quanto ao trabalho forçado, as proibições dos jesuítas e dos portugueses em escravizar os nativos.
Alia-se ás razões as doenças tipicamente do branco europeu adquiridas pelos indígenas, tornando-se verdadeiras epidemias e dizimando completamente varias aldeias.
O fato é bem elucidado no livro Segredos internos de Stuart B. Schwarts, a partir da pagina 51 com o sub-titulo, Um Contato Funesto: Reajustamento entre Portugueses e Indígenas, que segue parte:
“A dependência dos portugueses com relação aos índios, quer como escravos quer como tutelados dos jesuítas, estava sujeita a outras limitações.O contato intensivo com os europeus nas aldeias e nos engenhos tornava os índios crescentemente suscetíveis a doenças européias. Já em 1559 relatava-se a existência de uma peste que assolara a costa brasileira. A doença provavelmente varíola(bexiga), alastrou-se em direção ao norte. Em 1559 ou 1560, matou mais de seiscentos escravos indígenas no Espírito Santo em tão pouco tempo que precisavam ser enterrados dois corpos em cada cova.[…] Em 1561, os efeitos da mortalidade crescente faziam-se sentir no Recôncavo.[…] A epidemia atingiu o auge em 1562. Milhares pereceram. As estimativas são de 30 mil mortos entre índios sob jugo português, sem mencionar as incontáveis vitimas do sertão, onde a doença se alastrou à medida que os nativos fugiram das condições mortíferas do litoral. O padre Leonardo escreveu sobre crianças que morriam no seio das mães por falta de leite, sobre pessoas tão debilitadas que não podiam cavar sepulturas para os mortos ou sequer içar água para os vivos”. O historiador prossegue mostrando os efeitos arrasadores das epidemias na década de 60 tanto nas ladeias controladas pelos jesuítas ou não; ns comunidades portuguesas; na falta de alimento ( que eram produzidos pelos índios. “ Em 1563, uma segunda epidemia, desta vez o sarampo, abateu-se sobre a já combalida população. Talvez mais de 30 mil índios tenham morrido[…] Os efeitos das epidemias de 1562-3 foram arrasadores para a estrutura social e econômica da colônia. A concentração dos portugueses na produção do açúcar para exportação e sua dependência com relação aos gêneros alimentícios nativos sempre os deixara, mesmo nas épocas mais favoráveis, em situação instável. Desta feita, com a dizimação dos índios, as principais fontes de viveres foram completamente destruídas, e a fome grassou”. Esses fatos aliados a oposição do governo português à escravização dos índios propiciaram o comercio de negros da África para trabalhar como mão de obra escrava na industria da cana de açúcar, conforme relato do mesmo autor. “… foram tentados para trazer índios ainda não submetidos do interior para atender às necessidades de mão-de-obra dos engenhos. Porem, face da crescente oposição da Coroa à escravização das demandas cada vez maiores da economia açucareira… os colonos voltaram para a fonte de braços fornecidos pelo trafico atlântico de escravos. Não foi casual o fato de a importação de grande numero de africanos ter começado na década de 1570”.


Tinha um Posto Médico. O médico era Dr. Melo Lima.
– A casa dele e D. Amélia ficava perto do Chalé.
E o lápis, fielmente, passava para o papel
A memória de Dona Leonor:
Uma memória de 85 anos.
Lá ia surgindo a Balança e seu balancista,
O Posto médico de Adélia, Vavá Melo, Flávio.
Escola – Maria da Fé e Tiago
Eliseu casado com Damiana; Justiniano e Assênia.
Ali na esquerda, enquadrando duas ruas
Maneca e Mariquinhas, quinze filhos.
E continuava, aqui do lado, lá na frente, no pé da ladeira…
Betéu, Né e Quinha, Martelo e Ester,
Geraldo e Otaviana, Antonio Rosa e Pomba,
Luiz e Sinhazinha, viúvos. Vitorina e José Maria, Gabriel, Militão e Izabel, Maria de Camilo.
Seu Anísio e D. Mocinha, Pedro Reis,
Serafim e Iara, Arnaldo,Dunda.
Joaquim Simões. Dodó viúvo sete filhos e três netos.
Inácio e Quinzinha, João e Candinha, Agenor Sampaio,
José Vermelho, D.Lucia e Santinha.
Bueiro da usina, e a sigla USB; Caminho-Sem-Fim,
Tanque do Surucucu; Cruzeiro; Represa.
Três casinhas fechadas, entre a linha e o canavial,
Para atender cortadores de cana nas emergências,
Quem sabe os Catingueiros!
Nada esquecido: os pés da amendoeira e da castanha do Pará, patos e gansos nadando no tanque; o apito
Das máquinas,o chiar do carro de boi, o grito do carreiro.
Nem mesmo a recomendação dos pais:
Não passe perto do Tanque!
A vontade de andar por cima da murada…
Ninguém desobedecia. Nem mesmo Iozinho!

Quadro pronto com direito á dedicatória:
Para viraldo, reflexo da memória de sua amiga e sogra
Leonor Coutinho 02.03.2005

Viraldo março/05

Viraldo Ribeiro

Viraldo

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