SISTEMA DE COTAS
Escrito por Administrator
Qui, 02 de Junho de 2011 21:14
A UFBA adotou, em 2004, um sistema que reserva 36,55% das vagas para alunos oriundos de escolas públicas e que se declaram pretos ou pardos. Outros 2% são reservados a alunos descendentes de índios e 6,45% para candidatos egressos de escolas públicas de qualquer cor ou etnia http://www.diap.org.br/index.php/noticias/artigos/14498-a-inclusao-desmitificada
Universidade Federal da Bahia (UFBA) – são reservadas cotas na seguinte proporção:Categoria A (36,55%): candidatos de escola pública que se declararam pretos ou pardos.Categoria B (6,45%): candidatos de escola pública de qualqueretnia ou cor.Categoria D (2%): candidatos de escola pública que se declararamíndio-descendentes.Categoria E (55%): todos os candidatos, qualquer que seja aprocedência escolar e a etnia ou cor.
No momento, apesar de já está sendo aplicada em várias Universidades do país, a discussão sobre a aplicabilidade da política de cotas está no Supremo Federal.
Toda vez que o assunto sobre os negros no Brasil toma a forma concreta de problema, ou seja, quando se coloca como variáveis, os envolvidos no assunto, e a solução passa por alguma forma de perda da classe conservadora, esta reage com os mais diversos e antigos argumentos para obstaculizar uma provável tentativa de avanço social dos descedentes de escravos: estão querendo criar para o futuro um conflito entre clases que vivem armônicas. Sempre foi assim, sempre, vem desde a colonização quando os dominadores justificavam a necessidade de adotar a escravização, passando pelos estágios de libertação até a abolição. Proseguindo, após 13 de maio de 1888, abandonando os ex-escravos à própria sorte; passando pela proibição de freqüentar a escola, chega ao século XX, analfabeto sem trabalho e sem terra. Nesse início de século XXI, mesmo com um pouco de avanço, as consequências da escrvização e libertação, se tornam mais evidentes com o crescimento econômico do pais, pois,os números relativos que medem as melhorias de um e de outro mostram matematicamente o que se constata no dia a dia. Mantem-se até a mesma postura conservacionista e os seus chavões: – “no Brasil seu povo vive numa democracia social; – “todos nos somos descendentes de negros.” Outro argumento: – todos nós devemos lutar pela melhoria do ensino público e não brigar por cotas…Que fique a classe pobre (predominância negra) esperando o bolo crescer para dividir. É somente retórico o argumento de que o regime de cotas vai de encontro ao principio maior da Constituição – todos somos iguais.O que, em essência, a Constituição espera é que sejamos todos iguais. Para que isso realmente ocorra, não se deve dar tratamento igual à situação diferente, pois, se assim proceder instala-se uma espécie de inércia, a aceitação, estigmatizando as diferenças como coisa natrual, pois foi assim que Deus fez. O que a Constituição persegue é a escência da lei; o que a propria ciencia pratica: rémedios diferentes para males diferentes. É assim que as coisas mudam; procedendo dessa forma o futuro pode ser melhor que o presente. Não é assim que se procede na Economia com os produtos, mercadorias e serviços, ora reduzindo impostos, ora perdoando dívidas, tratamento diferenciados objetivando o todo.
Se ontem a luta foi pela liberdade.
Hoje a luta é pela igualdade.
Vale, portanto mergulhar lá no fundo da história para enfatizar os fatos desde os meados do século XVI por volta de 1570 (na administração do terceiro Governador Geral, Mem de Sá), quando ficou evidente a impossibilidade de contar com o trabalho dos indios na lavoura e na indústria da cana de açucar.
Indios
“No Brasil introduziu-se a escravidão por força das circunstâncias. As tribos que se guerreavam vendiam seus prisioneiros em troca de quinquilharias, quando não os destinavam a banquetes canibais” Herbert Ewaldo Wetzel – Mem de Sá Terceiro Governador, (1557 – 1572) pagina 202.“Por falta de braços na lavoura, não se contentavam os brancos com o numero exíguo de escravos provenientes das guerras inter-tribais. Eles mesmos iam combater os índios para trazê-los como escravos”. (Idem página 203)No ano de 1570, 20 de março foi promulgada, pelo rei de Portugal, lei proibindo a escravatura dos indígenas, ressalvando alguns casos. A gritaria dos colonos foi muito grande e a lei durou pouco tempo.Os padres jesuítas sempre estiveram à frente pela liberdade dos índios, observem-se as palavras de Herbert Ewaldo Wetzel no seu livro – Mem de Sá Terceiro Governador, (1557 – 1572), na pagina 217: “O despacho veio, a 22 de agosto de 1587, porém não como os Jesuítas o queriam. Felipe II de Espanha (Felipe I de Portugal) transcreveu a lei de 1570, ordenando que ninguém fosse com armações aos gentios, sem licença do Governador e sem pessoas de confiança. E com eles irão dois ou três padres da Companhia de Jesus, que pelo bom crédito, entre os gentios, os persuadirão mais facilmente a virem aos ditos seus vassalos em seus engenhos e fazendas, sem força nem engano, declarando-lhes que lhes pagarão seus serviços… e que, quando se quiserem tirar dos engenhos ou fazendas… sem lhes ser feita força alguma”. Fica evidente a participação da Companhia de Jesus pela preservação da liberdade indigena. Sem a mão de obra dos nativos, conseqüente, principalmente, da resistência ao trabalho nos canaviais, (para os indios eram tipicos para serem executados por mulheres); e os ataques aos engenhos e queima dos canaviais, levaram os colonos a pedir autorização para trazer da África os negros como escravos.
“Recorrendo aos indígenas, pacificamente ou à força, logo apareceram os incovenientes da solução. Embora existente entre eles a escravidão, revestia-se de aspectos próprios, restritos, atingindo principalmente os prisioneiros tomados em guerra, os que não fossem combatentes, e que, por isso mesmo, não mereciam receber a morte em cerimônias especiais. Atribuindo-lhes funções que normalmente competiam às mulheres, tornava-se humilhante para tão orgulhosos guerreiros esse rebaixamento, motivo pelo qual não o suportariam impostos pelos brancos” História do Brasil de Helio Vianna, pag. 234
No caso dos negros africanos os jesuítas não tomaram partido por eles, muito pelo contrário. A única exigência que se fazia era de que deveriam ser batizados antes de partirem dos portos da costa do continente africano, para que não morressem pagãos, caso ocorresse o falecimento durante o translado. O tratamento diferenciado fica posto quando a igreja concorda com o trabalho aos domingos, considerando não serem pessoas, ficava desobrigado de guardar o dia e assistir missa.“A propria igreja, tão ciosa da liberdade dos índios, tranquilizava as consciências, justificando a escravidão do negro. Escravo, e somente escravo, deveria ser o negro” O Negro na Bahia, pagina 94, de Luiz Viana Filho.
Sendo impossivel contar com o trabalho do gentío, para tocar a exploração e industrialização da cana de açucar a alternativa foi o negro. “Era necessário, portanto, o encontro de outra solução para o problema de falta de braços. E esta não seria senão a do recurso ao negro africano”.
“Na época em que os portugueses começaram a colonização do Brasil, não existia mão-de-obra para a realização de trabalhos manuais. Diante disso, eles procuraram usar o trabalho dos índios nas lavouras; entretanto, esta escravidão não pôde ser levada adiante, pois os religiosos se colocaram em defesa dos índios condenando sua escravidão. Assim, os portugueses passaram a fazer o mesmo que os demais europeus daquela época. Eles foram à busca de negros na África para submetê-los ao trabalho escravo em sua colônia. Deu-se, assim, a entrada dos escravos no Brasil”. http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/abolicao.htm
Os Negros
Mesmo após a proibição da escavisação dos nativos, os proprietários de terra continuaram, mesmo ilegalmente, usar a mão de obra dos aborigenas nos seus engenhos. Em muitos casos os indios estavam fora das determinações da lei (praticar canibalismo, prisioneiros de guerras sujas, por exemplo), portanto eram tornados escravos dentro da lei. A situação (indios fora da coberetura da lei) foi causa para continuar a serem escravisados apesar de já se processar o tráfico de negros da África.Como tanto os nativos como os negros eram tratados como mercadoria, para comprá-los os senhores de engenho relacionava o perço da mercadoria e rendimento no trabalho. Como o rendimento dos negros, na lavoura e na indústria, era maior do que o dos indigenas, os proprietários de engenhos preferiam os negros. Era a aplicação da lógica custo/beneficio. Assim rapidamente a quantidade de negros, trabalhando como escravo nos engenhos, superou a dos indios.Os resticios continuam, as marcas não foram apagadas, as consequências disso tudo se projeta num retrato fisico e mental que se esconde ou se projeta nos preconceitos, na desigualdade, na exclusão.
Considerando o início da escrvidão negra entre os anos 70 e 80 do século XVI e a abolição em 1888, foram 400 anos, quase meio século de tratamento pior do que dado aos animais do senhor. Deixar de ser escravo; deixar de ser senhor não é como num estálo que acende ou apaga uma lampâda. Não é como um click que faz de repente o escuro ficar claro. O ranço permanece tanto num como noutro; a exclusão marcou e a inclusão requer renuncia, perda. Apesar de tudo ainda se discute o débito impagável com os negros e seus descendentes.
Sofrimento
Ninguem consegue imaginar o sofrimento de quem viaja durante três, quatro meses (120 dias) num mar bravío, com sol, chuva, frio, calor, seme despido. É inimaginável. Mesmo quem esteve, por exemplo, presente numa Emergência de um hospital público seja como paciente, visitante, acompanhante, mesmo assim não pode imaginar o sofrimento fisico e mental de um homem, uma mulher, pai, mãe, filhos jogados em precárias embarcações como fardos, marcados a ferro acima do umbigo ou sob o seio esquerdo, para serem negociados nos mercados, ou entregues aos seus futuros donos num porto da Bahia, Rio de Janeiro etc.
E a Bahia não ficou devendo nada a esse povo! Nem o Brasil!
Quando se fala da escravidão a pauta quase sempre se restringe aos maltratos que recebiam nos engenhos e nas fazendas. Para esses casos há relatos, registros, peças objetos de tortura. Entretanto é importante se pensar que não foi num passo de mágica a passagem da África para o Brasil. Foram várias etapas, antes do destino final:A caçada para torná-los prisioneiros; os depósitos nos portos aguardando embarque; a viagem; os mercados nos cais de destino. Isso leva a algumas reflexões.Será que durante as lutas para escapar do aprisionamento não se feriam e mesmo assim eram armazenados no cais aguardando os cargueiros?Será que sentiam dor de barriga, dor de cabeça, gripe etc, como qualquer ser humano, como voce e eu?Será que as mulheres menstuavam, tinham cólicas, estavam grávidas? E na viagem, será que as correntes feriam seus punhos, pescoço ou tornozelos?E o odor insuportavel das fezes e da urina, vômitos daquele amontoado de homens e mulhres?Será que ficavam com febre; cheios de piolhos; mordidos por ratos e roídos por baratas?E as feridas resultante do ferro em brasa, que os marcavam para sempre?O sofrimento não tem paralelo, mesmo se comparado com o sofrimento das pessoas livres atravessando o mar naquela época. Mas, é bom tomar-se conhecimento dos transtornos por que passaram a Familia Real, na Transmigração para o Brasil, registrado no livro 1808 de Laurentino Gomes, editôra Planeta, capitulo sete, ano 2007, pag.88/89/94.“Desenhados para impedir a infiltração da água do mar e sobreviver às violentas tempestades oceânicas, os navios portugueses eram, duzentos anos atrás, cápsulas de madeira hermeticamente lacradas. Providos de pequenas escotilhas, que permaneciam fechadas a maior parte do tempo, os ambientes internos ficavam axfixiantes, sem ventilação. Durante o dia, sob o sol equatorial, se transformavam em autênticas sáunas flutuantes. Não havia água corrente nem banheiros. Para fazer as necessidades fisiólogicas usavam-se as cloacas, plataformas amarradas na proa, suspensas sobre a amurada dos navios, por onde os dejetos eram lançados ao mar.[…] No calor sufocante das zonas, ratos, baratas e caramuchos infestavam os depósitos de mantimentos. […] Por falta de frutas e alimentos frescos, uma das maiores ameaças nas longas travessias era o escorbuto, doença fatal provocada pela deficiência de vitamina C. Enfraquecida, a vítima queimava de febres e sofria dores insuportáveis. A gengiva necrosava. Os dentes caiam com um simples toque. […] O excesso de passageiros e a falta de higiene e saneamento favoreceram a proliferação de pragas… uma infestação de piolhos obrigou as mulheres a raspar os cabelos… As cabeças carecas foram untadas com banha de porco e pulverizadas com pó anti-séptico”. […]Antigas e mal-equipadas, as naus e fragatas portuguesas viajavam apinhadas de gente.[…]…enquanto ainda estvam no hemisfério norte, ondas fortes despejavam água gelada sôbre o convés superlotado, onde os marinheiros trabalhavam em meio ao nevoeiro e às rajadas de vento frio. Com vazamento no casco, os barcos faziam água copiosamente”.
Leis da Libertação
O Brasil foi o último país a abolir a escravidão, não que outros paises como a Inglaterra, Estados Unidos, França adotaram uma politica de ressocialização dos ex-escravos, como no Brasil, a segregação nas formas mais diversas se perpetuou.No Brasil as leis que concederam liberdade foram estabelecidas como resposta a reinvendicações mais absolutas – libertação total. Mesmo assim nunca foram realmente respeitadas, ainda hoje mesmo com a vigilância de sindicatos, imprensa são flagrados trabalhos em regime de escravidão. Imagine-se o Senhor de escravo obdecer uma lei naquela época. A primeira lei sobre a escravidão no Brasil foi posta em 1830, esta lei extinguia o tráfico de escravos; em 1850 estabeleceu-se a Lei do Sexagenário – libertava os escravos a partir dos sessenta anos de idade; 1871 lei do Ventre Livre – livres os filhos de escravas nascidos a partir dessa data, Lei do Ventre Livre, em 28 de setembro de 1871.Suspensão do Tráfico – 1830 “FIM DO TRÁFICO DE ESCRAVOS NA BAHIA” “Após o voto da lei Euzébsio de Queirós, de quatro de setembro de 1850, a importação de escravos no Brasil era considerado como crime de pirataria. A expulsão dos principais traficantes do Rio de Janeiro, os dois irmãos portugueses Manoel e Antonio Pinto da Fonseca, e o italiano Pareti, serviu de advertência aos comerciantes de escravos da Bahia, e o tráfico cessou completamente ao fim de um ano”. Pierre Verger – Fluxo e Refluxo, pag. 433.
Lei do Ventre Livre
O Partido Liberal comprometeu-se publicamente com a causa do nascimento de crianças a partir daquela data , mas foi o gabinete do Visconde do Rio Branco, do Partido Conservador, que promulgou a primeira lei abolicionista, a Lei do Ventre Livre, em 28 de setembro de 1871. Em defesa da lei, o Visconde do Rio Branco apresenta a escravidão como uma “instituição injuriosa”, menos para os escravos e mais para o país, sobretudo para sua imagem externa.
A Lei do Ventre Livre declarava de condição livre os filhos de mulher escrava nascidos desde a data da lei. O índice de mortalidade infantil entre os escravos aumentou, pois além das péssimas condições de vida, cresceu o descaso pelos recém-nascidos. A ajuda financeira prevista pela Lei do Ventre Livre, aos fazendeiros, para estes, arcarem com as despesas da criação dos ingênuos jamais foi fornecida aos fazendeiros (http://pt.wikipedia.org/wiki/Abolicionismo_no_Brasil#Lei_do_Ventre_Livre
Segundo o disposto na lei, os filhos dos escravos – chamados de ingênuos – tinham duas opções: ou ficavam com seus senhores até a maioridade (21 anos) ou poderiam ser entregues ao governo. Na prática, os escravocratas mantiveram os ingênuos nas suas propriedades, tratando-os como se fossem escravos. Em 1885, dos 400.000 ingênuos, somente 118 ingênuos foram entregues ao governo – os proprietários optavam por libertar escravos doentes, cegos e deficientes físicos. Por outro lado, a Lei Rio Branco teve o mérito de expor as mazelas da escravidão na imprensa e em atos públicos. Na década de 1890, cerca de meio milhão de crianças foram libertadas quando estariam entrando em idade produtiva.
Segundo o disposto na lei, os filhos dos escravos – chamados de ingênuos – tinham duas opções: ou ficavam com seus senhores até a maioridade (21 anos) ou poderiam ser entregues ao governo. Na prática, os escravocratas mantiveram os ingênuos nas suas propriedades, tratando-os como se fossem escravos. Em 1885, dos 400.000 ingênuos, somente 118 ingênuos foram entregues ao governo – os proprietários optavam por libertar escravos doentes, cegos e deficientes físicos. Por outro lado, a Lei Rio Branco teve o mérito de expor as mazelas da escravidão na imprensa e em atos públicos. Na década de 1890, cerca de meio milhão de crianças foram libertadas quando estariam entrando em idade produtiva.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Abolicionismo_no_Brasil#Lei_do_Ventre_Livre
Lei dos Sexagenários
A partir de 1887, os abolicionistas passaram a atuar no campo, muitas vezes ajudando fugas em massa, fazendo com que por vezes os fazendeiros fossem obrigados a contratar seus antigos escravos em regime assalariado.A Lei Saraiva-Cotegipe ficou conhecida como a Lei dos Sexagenários. Nascida de um projeto do deputado baiano Rui Barbosa, esta lei libertou todos os escravos com mais de 60 anos, mediante compensações financeiras aos seus proprietários mais pobres para que ajudassem esses ex-escravos. Porém, este parte da lei jamais foi cumprida e os proprietários de escravos jamais foram indenizados. Os escravos que estavam com idade entre 60 e 65 anos deveriam “prestar serviços por 3 anos aos seus senhores e após os 65 anos de idade seriam libertos”.Poucos escravos chegavam a esta idade e já sem condições de garantir seu sustento, ainda mais que agora precisavam competir com os imigrantes europeus. Acresce ainda que, no recenseamento de 1872, que fez a primeira matrícula geral de escravos, muitos fazendeiros tinham aumentado a idade de seus escravos para burlarem a matrícula de 1872, escondendo os ingênuos introduzidos por contrabando após a Lei Eusébio de Queirós. Numerosos negros robustos e ainda jovens eram, legalmente, sexagenários, sendo libertos, neste caso, pela Lei dos Sexagenários, ainda em condições de trabalho. Os proprietários ainda tentariam anular a libertação, alegando terem sido enganados porque não foram indenizados como prometia a lei. As zonas recentemente desbravadas dooeste paulista se revelavam mais dispostas à emancipação total dos escravos: ricas e prósperas, já exerciam grande atração sobre os imigrantes, mais bem preparadas para o regime de trabalho assalariado.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Abolicionismo_no_Brasil#Lei_do_Ventre_Livre
Lei Áurea
Em 13 de maio de 1888, o governo imperial rendeu-se às pressões e a princesa Isabel de Bragança assinou a lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil. A decisão desagradou aos fazendeiros, que exigiam indenizações pela perda de “seus bens”. Como não as conseguiram, aderiram ao movimento republicano. Ao abandonar o regime escravista, o Império perdeu uma coluna de sustentação política. O fim da escravatura, porém, não melhorou a condição social e econômica dos ex-escravos. Sem formação escolar ou uma profissão definida, para a maioria deles a simples emancipação jurídica não mudou sua condição subalterna nem ajudou a promover sua cidadania ou ascensão social.Como não houve ganho (terra, trabalho, escola) consistente que levasse o ex-escravos e seus descendentes a uma melhoria social, não se formou uma classe média negra. Numa economia de mercado a classe média é quem alavanca a sociedade. No Brasil não existe classe média negra. O que existe são negros que prosperam e se inserem, como consumidores, na classe média dominante.De um modo predominante os afrodescendentes moram nas periferias ou nas casas sem rebôco. São infimos como usuários dos serviços aérios ou na prestação de serviços nos balcões dos aeroportos; nos cinemas e nos teatros; nos shopping centers; restaurantes; hospitais e escolas particulares e tudo mais consumiveis pela classe média. Outrora o empedimento para ocupar esses serviço era a boa aparencia (… precisa de pesoa de boa aparencia…), hoje é o conhecimento. Nos Estados Unidos, na Africa do Sul, para ficar com esses dois paises, o apartheid, e a discriminação eram oficializados (bairros separados, transporte diferentes). Essa postura induz ao surgimentos de líderes lutando pela inclusão, consequentemente uma identidade que fortalece o grupo nas vitórias e nas derrotas, nunca desistindo. A pressistência produz ganhos. Mesmos que as escolas os hospitais sejam separados, inicialmente, mas lutando como uma unidade consciente pela qualidade dos serviços. Como a Escola é o veículo mais conssistente para se alçar ás classes sociais melhores, se adotadas o Regime de Cotas nas Universidades Públicas, no futuro, os afrodescendentes formarão sua Classe Média inseridas na sociedade em que vivem e não, como hoje, negros bem sucessedidos inseridos na classe média conservadora. Como no Brasil não se processor uma luta de classe; não existiu um lider, a pressão tem que se processar de outra forma. O regime de cotas é uma delas.Entre os mais diversos argumentos contrários ao regime de cotas há o daqueles que dizem: tem é que se lutar pela melhoria da Escola Pública. Normalmente esses engrosam o número daqueles que resolveram o aprendizado fundamental nas escolas particulares e temem a concorrência das cotas no, gratuito, ensino superior.São favoráveis, além daqueles que são consciente independente da classe ou raça, os de classe baixa que estudam na escola publica e que para fazer um curso superior tem que trabalhar e pagar uma faculdade no curso noturno. Vamos ser otimista: admitamos que daqui a dez ou quinze anos a escola publica esteja recuperada, 15 anos – 2025. Nasce nesse periodo a geração que vai começar a usufruir desse milagre. Seria, portanto, aquela geração da Escola Boa (entre os anos 2020 e 2025) entrando na faculdade 10, 15 anos depois, seja a partir dos anos 40 seriam resultantes de uma escola pública decente. Convenhamos que é esperar mais meio século.Na consideração suposta – 2040- em que etapa de desenvolvimento estaria a humanidade. Provavelmente se preparando para desembarcar em Marte, e uma minoria, como hoje, usufruindo das beneces do desenvolvimento. E o outro homem, e esse homem da cota, provavelmente, jogando na loteria ou juntando dinheiro para uma excursão ao Rio de Janeiro.Será que os negros desse país terão que esperar meio século, para fazer parte das equipes de TVs de nosso pais nas reportagens sobre um outro Presidente Negro dos Estados Unidos – Outro Barac Obama. Nesse presente, não estiveram presente. Até parecia que as equipes não eram do Brasil, todos brancos. E agora na Copa que se realiza na Africa do Sul, equipes de televisão filmando ou entrevistando favelados, tribos de costumes primitivos – todos negros. Entretanto, nenhum representante, nenhum seu parecido nas equipes para atestar a veracidade da democracia racial brasileira. O tema Copa do Mundo está sendo explorado bastante pela Escola de Terra Nova e com certeza em todos os municipios. É uma oportunidade que a Escola tem para discutir a exclusão dos negros brasileiros como agente de informação do evento e também sua ausencia entre os turistas brasileiros, mostrados na TV, nas terras dos seus avós. E naquele jogo da Seleção Brasileira no Haiti arrumado por Lula – nosso presidente- multidão esperando no Aeroporto; correndo nas ruas atrás dos onibus que levavam os jogadores; no estádio, (construido as pressa), todos torcendo pela seleção visitante. Os grupos rivais reconciliados para ver seus idolos, seus reis Ronaldo e Ronaldinho. Também na cobertura desse evento não tinha representantes dos seus irmãos do Brasil nas reportagens de rua, por trás das câmeras, dos microfones das televisões registrando o fato histórico. Se a luta pela liberdade, oficial durou mais de 300 anos a busca pela igualdade; liberdade real não vai esperar esse tempo, mesmo que no presente ainda existam tantos herdeiros dos tempos idos na contramão do processo do desenvolvimento moral do homem. Felizmente as sementes progresista dos séculos passados, que estiveram ao lado das minorias se mutiplicaram, e no século XXI desfraldam com mais vigor as bandeiras das idéias avançadas.O Regime de Cotas é uma das bandeiras que acreditamos. E o seu sucesso vem sendo comprovado pelos resultados, semelhantes aos dos não cotistas, comentado e divulgado pelos reitores das universidades que adotaram cotas como forma para o ingresso de negros e indios oriundos da escola pública. Isso garante a manutenção da política.Os cotistas, como toda sociedade clamam e esperam que a escola pública se capacite para ofertar um ensino condizente para que seus alunos tenham capacidade para ingresar no mercado de trabalho e nas universidades.
Quando esse futuro se tornar presente o problema ficará resolvido.
Salvador, junho de 2010