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TAMARINEIRO DO ARAMARÉ

TAMARINEIRO

Pois é, custou mas fui te ver.
Também como podia imaginar que
Restasse ainda alguma coisa de ti!
A forma como deram a notícia:
Um homem foi colher mel de abelha,
Colocou um facho de fogo no oco
Do Tamarineiro do Aramaré!
Notícia dessa… só cinzas restariam
Levadas pro além pelo vento,
Pela enxurrada pro rio Pojuca
De forma que pra muito longe.

TAMARINEIRO2Desculpe, não podia imaginar
Mas estavas ali: tronco junto do toco
Que te sustentou
Por quase duzentos anos
Soube hoje e hoje mesmo
Fui lá: Resta o toco enterrado
E o tronco. O facho entrou pelo oco.
Queimando por dentro, ele tombou.
Está lá! Um pedaço e um toco.
Nunca imaginei te ver naquela posição
Naquela situação:
Sem folha, sem fruto, sem sombra
Humilhado, jogado no chão, sujo de

TAMARINEIRO3Bosta de boi, no meio dos espinhos
De bom só os filhos de coranas
Protegendo-te com pouca sombra.
Parceiro, a gente pensa que é eterno!
Quase duzentos anos, e daquele jeito!
Custava fazer de um caroço,
Unzinho só, uma semente
Pra plantar em qualquer lugar?
Gente também é caroço de caroço
Que beleza, era só apontar e dizer:
(como faz gente) 
TAMARINEIRO4Aquele é filho do Tamarineiro do Aramaré!
Sim, do Tamarineiro do Aramaré que chegou aqui
Muito antes da Independência, 1822.
Luiz Paulino plantou no seu Engenho pra
Dona Maria Bárbara cuidar.
Quem sabe embarcou semente!
Na Transmigração da Família Real, 1808.
Até o tempo do Coronel Joãozinho Dantas
Ele foi cuidado
Fogo do facho do homem do mel
Derrubou-o pra sempre.
Prometo-te, parceiro,
te manter vivo,
Pra quem diz: quando se conhece a história
Indivíduo passa a ser pessoa,
Pessoa vira cidadão,
Do teu tombo te destombo
Tamarineiro cidadão!
Cidadão Tamarineiro.

Viraldo Ribeiro

Viraldo

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