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BUEIROAconteceu, Bangüê agora é também bangüê ponto com. Foram vinte quatro números com este. A partir de junho será lido também pela Internet. É só clicar www.bangue.com.br que fica em disponibilidade todas as publicações. A primeira se deu em 22 de agosto de 2001.

No cabeçário, a partir do numero 25, passará a constar Terra Nova e não mais Sitio Inhatá, como centro de motivação.

A cor padrão do Bangüê é azul e o seu símbolo é: 

DE FOGO MORTO

BUEIROSA economia, principalmente no seu setor de agricultura, é calcada em três fatores: Terra, Trabalho e Capital. A terra é o espaço físico; o trabalho é a mão de obra e o capital é o investimento, são os maquinários. A combinação desses fatores é responsável pelo custo de produção e conseqüentemente pelo preço final do produto.

Com certeza, a falência da indústria da cana de açúcar, no Recôncavo, foi conseqüência de uma combinação inadequada ao longo do tempo.
BUEIRNo inicio, no Brasil Colônia, no tempo dos engenhos, a terra foi doada; o trabalho e o capital eram semi-remunerados (a compra de escravos era um investimento e não um contrato de trabalho), as despesas posteriores eram como as de um equipamento, ou seja, só despesa de manutenção. Além de não provocar des pesas com a remuneração da mão de obra, os escravos eram utilizados como se máquinas fossem. “No engenho Santana, os cativos levantavam-se por volta de cinco horas da manhã e faziam suas orações matinais antes de seguirem para o campo. Tinham um pequeno café mais ou menos três ou quatro horas depois almoçavam ali mesmo no campo, e continuavam trabalhando até o anoitecer… os escravos trabalhavam de seis da manhã às seis da noite. Chegada a safra, as demandas de trabalho aumentavam, e os cativos na fábrica do engenho precisavam almoçar a toda pressa enquanto o trabalho continuava.” Do livro Segredos Internos, de Stuart Schwartz, pág.128

“Eles trabalhavam desde a madrugada até a noite, ficavam expostos ao sol e à chuva, mal-vestidos e mal-abrigados, e eram pessimamente alimentados … os camponeses em Portugal tratavam melhor seus bois que seus senhores de engenho aos escravos, os quais, no Brasil ,não só eram obrigados a ‘trabalhar de dia, se não ainda de noite, rotos, nus e sem sustento’ “ idem pág 130
No decurso do tempo, os custos de produção foram aumentando, a disputa para manter o mercado externo era grande.
Outros fatos também influíram negativamente (do ponto de vista do proprietário) para que tanto engenhos e usinas se tornassem de fogo morto: epidemias, recrutamento de escravo para guerras, ciclo do ouro, ciclo do café, fretes etc.
A exploração da mão de obra escrava foi se tornando mais cara, quer seja pela conquista da liberdade dos negros, quer mesmo pelo preço cobrado para importar clandestinamente os negros da África (tráfico suspenso em 1830).
Os recursos da remuneração da mão de obra (salários) retornam para o ciclo da economia na forma de consumo.
Por isso a Inglaterra liderava e propunha a liberdade dos escravos; queria substituir mão de obra por equipamentos; inclusive colocava como condição essencial para reconhecer a independência de 1822. “Os portugueses, a não ser pela marinha, fazem todo comércio com os Ingleses . É assim com a comida, com as vestimentas, pagando seus vinhos e cobrando muito por serviços…A situação era, não obstante, paradoxal. Faltavam manufaturas, não se produziam alimentos ou roupas em quantidade suficiente para atender às necessidades mínimas da população, mas, mesmo assim, vivia-se de maneira ostentatória, por conta do ouro que não parava de afluir da América”. A Longa Viagem da Biblioteca dos Reis, Lilia Moritz Schwarcz , pág.39

 O GIRO

muendaAo homem não foi dado o privilégio, que alguns animais têm: visualizar cento e oitenta graus (com conforto). Em compensação, a Natureza deixou-o com olho no centro do cérebro para ele superar essa deficiência, (este gira trezentos e sessenta graus). Diz-se que quem tem o olho esbugalhado enxerga. Às vezes até enxerga, mas não vê.

É por isso, considerando a deficiência, que o trabalho em grupo é fundamental, pois, mais das vezes, o responsável por tomadas de decisões pensa que está tendo uma visão ampla, que o olho do cérebro está focando em vários pontos, quando na verdade, ele está cego pelo brilho da imagem do seu projeto que se lança na sua frente.
É por isso que é bom o trabalho em equipe; enxergar-se um pouco com os olhos do outro. Na verdade, esse comportamento simboliza um maestro, que rege mas nem sempre é capaz de tirar como o outro a mesma verdade no mesmo instrumento. Sua eficiência é o resultado da associação de várias parcelas.
Quanto se pode perder pelo excesso de centralização! Em muitas ocasiões, o ouvido é o melhor dos olhos.
Como teria sido bom se o brilho não tivesse embaçado o olho do líder nos projetos de reaproveitamento da área da Usina Terra Nova. Se não fosse essa falha natural do ser humano, ele pensaria duas vezes, três vezes, tantas vezes pensaria quantas fossem sua capacidade de ver por si ou pelo olho do outro, quando se lhe mostrou o túnel que em tempos idos, quando a fabrica de açúcar estava viva, quando essa ligação criada pelo homem, entre as caldeiras e o bueiro, para que a fumaça resultante da queima da lenha, passasse para alcançar os céus.
Com certeza pensaria: não, não vou entupir esse achado; não vou obstruir o giro, quem sabe (matutava ele), pode ser uma porta entre o passado e o futuro a ser ativada.
Na verdade, o giro, como é chamado, não era um túnel derivado de uma escavação por baixo da terra. Ele foi construído, na mesma época do bueiro, através de uma vala depois revertida e coberta com uma parede de tijolos refratários, ligando caldeiras e bueiro, com a finalidade de canalizar a fumaça advinda daquela caldeira, para o espaço através deste.
Mas infelizmente o túnel foi destruído, bastava preservá-lo ou elaborar um projeto para que amanhã, quando houvesse recurso, se executasse.
Quem sabe poderia ser um centro para festa de São João, com uma grande fogueira, durante o dia, para se voltar a ver fumaça subindo lá em cima. Ou uma festa num dia de setembro para relembrar a botada.
Se o túnel teve uma valeta como seu principio, quem sabe se um dia, utilizando-se de processo idêntico, não o tenhamos de volta fazendo parte de um projeto.

Em verdade, o Setor Serviço é uma das grandes fontes de renda para um município, portanto todo acervo ligado ao passado deve ser estudado, discutido, preservado dentro do projeto novo, pois com certeza, sendo inteligentemente explorado, também trará retorno.

Viraldo Ribeiro

Viraldo

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