ESTRADA DE FERRO

02 - Estrada de Ferro

A Estrada de Ferro Santo Amaro foi inaugurada em 1883, ligando (inicialmente) Santo Amaro porto escoadouro do açúcar produzido pelos engenhos – ao Jacu
Vale registrar, nesse trabalho, parte de uma pesquisa efetuada no Arquivo Público da Bahia, que identifica: o sentimento dos Senhores, quanto à instalação de novos empreendimentos na região, numa visão por demais individualista.
“Estrada de Ferro S. Amaro”
Extraído em icps da Estrada de Ferro Santo Amaro.

Bahia 4 de outubro de 1878
Ilmo e Exmo Senhor.

Tendo o Dr. José Pacheco Pereira por si e como representante de sua sogra Exma Baroneza do Bom Jardim e seus filhos negado o terreno de seus engenhos Terra Nova e Periperí a da fazenda Caracuanha preciso para a passagem desta estrada solicito de V. Exma. Que por intermédio do digno Dr. Procurador Fiscal da fazenda Provincial e no Juízo Competente se promova a desapropriação judicial dos referidos terrenos os quais se acham representados na planta junta.

São precisos para a estrada 103.830 metros quadrados ou 23,5/6 tarefas de terra, sendo 93.830 metros quadrados nos engenhos de Terra Nova e Periperí e 10.000 metros quadrados na fazenda Caracuanha, tudo como se acha marcado na referida planta.

Essa área, além de ser de terreno pouco próprio pra cultura não tem benfeitorias. O regulamento de 27 de outubro de 1855 mandava é certo indenizar os proprietários pelos terrenos que foram tomados para as estradas, mais tarde porem o Governo Imperial por Decisão de 10 de Fevereiro de 1871 sobre consulta do Conselho de Estado estabeleceu a obrigação que sempre tiveram os sesmeiro e posseiros de darem gratuitamente as estradas públicas e municipais, com direito unicamente a serem indenizados das benfeitorias .

A vista da clara e terminante disposição da referida Decisão, de data mais recente do que o citado Regulamento, e sendo certo que os terrenos em questão são sesmeiros e posse, e não contem benefícios, parece-me que pela sua disposição não deva a Província pagar a indenização. E como referido Dr. José Pacheco Pereira, me haja até negado autorização para executar a obra da estrada nas mesmas terras se prejuízo do direito que provar se vier ter o proprietário a qualquer indenização, parece-me que a desapropriação deve ser feita no mais curto prazo possível sem que grande atrazo terão as obras da estrada, pois trabalhos importantes inclusive uma grande ponte ali a fazer as quais se forem demoradas, muito retardarão a abertura da estrada.

Deus guarde a Vexcia.

Ill.Exmo Snr. Conselheiro Barão Homem de Mello
Digmo Presidente desta Província
Augusto Fernandes Pinheiro
Engo Em Chefe”

Nada ficou do Ramal Ferroviário como marca da história como prova de um tempo. Em Terra Nova, por exemplo, existem a casa do agente chefe da estação e a estação ferroviária, sem a mínima conservação que requer um equipamento histórico. A ponte ferroviária, que ligava os dois lados do município, foi cortada como um ferro velho qualquer, um ato indesculpável.

O número de empregados da ferrovia, lotados em Terra Nova não chegava a dez. Normalmente na Estação era o agente chefe mais um ou dois; no Ponto Ceem dois, e um na Bomba.

Seu Antoninho da Estação, como era conhecido o Snr. Antonio Pacheco das Neves, nascido em 1898, provavelmente foi um dos primeiros agente da Estação Terra Nova. Foi sucedido pelo seu filho Lourival Leite Neves, que foi transferido para Salvador com o fechamento do Ramal em 1964; Cláudio, com vários filhos e netos morando na terra, trabalhou como Guarda Chave. Também era lotado na Estação e que foi transferido para Santo Amaro e depois para Salvador, com o fechamento da Ferrovia de Santo Amaro Eduardo Barbosa do Carmo, que trabalhava na Bomba. Este também tem muitos familiares na cidade.

A ferrovia de Santo Amaro fechou em 1964, um dos primeiros atos do Golpe Militar de 1964. Mesmo com a desativação do trecho Santo Amaro/ Bom Jardim, a linha férrea continuou ativa, servindo às usinas de Terra Nova e Paranaguá, logo após o fechamento da usina Paranaguá.

Pontilhão Rio Fundo
Usina Paranaguá

Escrito por Viraldo B. Ribeiro
Ter, 24 de Novembro de 2009 15:16